A localização escolhida para a ponte entre Alcoutim e San Lucar del Guadiana (Espanha) garante a altura necessária para a navegação marítima, a distância mais curta entre margens e o menor impacto ambiental, disseram hoje os promotores.
Estes eram os principais “condicionalismos” a ultrapassar para avançar com a construção da nova travessia rodoviária transfronteiriça sobre o rio Guadiana, que está orçada em nove milhões de euros e é financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sublinharam o presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, e o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve José Pacheco.
Osvaldo Gonçalves e José Pacheco apresentaram hoje os marcos e metas do projeto, por ocasião de uma visita de trabalho da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, a Mértola e Alcoutim, e indicaram que a nova ponte está, atualmente, na fase de “análise das propostas do anteprojeto”.
“Os condicionalismos para a execução e localização tiveram várias questões, uma delas foi garantir a passagem das embarcações que já atualmente passam na ponte [sobre o rio Guadiana] de Castro Marim – Ayamonte. E, para esse efeito, a cota superior do tabuleiro tem de se situar cerca de 27 metros acima do nível de água do rio”, disse José Pacheco.
Outros dos objetivos da localização escolhida, que fica a norte das vilas de Alcoutim e San Lúcar, passam por “aproveitar ao máximo as acessibilidades existentes” para minorar os impactos ambientais e garantir o acesso à ponte, assim como “a titularidade dos terrenos em ambos os lados” por parte dos municípios, disse o vice-presidente da CCDR.
Estes aspetos eram “limitantes” e as “outras localizações que foram estudadas tinham grandes impactos paisagísticos, face à altura necessária para os barcos passarem e à largura do rio”, observou, sublinhando que a localização do traçado, a norte das duas vilas, é onde a largura é menor.
José Pacheco adiantou ainda que, após a fase atual de análise de propostas do anteprojeto, segue-se o projeto de execução, que vai ser acompanhado do Estudo de Avaliação Ambiental e, “se tudo correr dentro do previsto, estará pronto em fins de maio”.
José Pacheco estimou que o Estudo de Impacte Ambiental levará “mais um mês ou mês e meio a ser concluído”, depois será feita a Declaração de Impacte Ambiental e a aprovação por parte de Portugal e de Espanha, esperando-se que, “em setembro, ainda deste ano”, os promotores possam lançar o projeto da empreitada.
“Depois teríamos cerca de 18/19 meses de obra e cumpriríamos desta forma o projeto do PRR, satisfazendo uma velha ânsia e pretensão dos municípios de Alcoutim e San Lúcar de Guadiana”, disse José Pacheco, reconhecendo que os prazos são “apertados” dada a necessidade de concluir as obras até finais de 2025 para beneficiar dos fundos do PRR.
Osvaldo Gonçalves sublinhou ainda a importância da obra para ligar duas localidades que “ansiavam há muito” por esta ligação e considerou que as metas alcançadas até agora se devem, sobretudo, a um trabalho de cooperação transfronteiriça entre as diversas entidades envolvidas, espanholas e portuguesas.
A secretária de Estado Isabel Ferreira destacou que a ponte “é uma das cinco ligações transfronteiriças previstas” entre Portugal e Espanha e considerou que a estrutura “é muito importante para um território como Alcoutim”, marcado pela desertificação do território e o envelhecimento populacional.
A governante também reconheceu que o projeto tem “metas apertadas”, mas frisou que “não está sinalizada nenhuma preocupação” relativamente ao seu andamento e as entidades envolvidas “estão totalmente empenhadas” para garantir que “não se desperdice esta oportunidade”.
“E não se desperdiçará, certamente”, afirmou Isabel Ferreira, salientando que se trata de um projeto de “valorização do interior” e importante para “corrigir as maiores assimetrias” territoriais.