As escalas rotativas de trabalho e a má qualidade do material que operam são os principais motivos que os maquinistas ferroviários portugueses apontam como fatores de desgaste. Os trabalhadores deste setor sentem-se sobrecarregados por horas extraordinárias, sem tempo para a família, com medo de falhar e traumatizados por acidentes graves em que estiveram envolvidos e consideram que as escalas são cansativas, revelam dois estudos a que o jornal “Público” teve acesso, que vão ser publicados esta quinta-feira pelo Sindicato dos Maquinistas (SMAQ).
De acordo com os dados dos estudos “Inquérito Nacional às Condições de Vida e de Trabalho dos Maquinistas Ferroviários em Portugal” e “Fatores de desgaste psicológico e trauma nos maquinistas da ferrovia portuguesa”, 54% dizem sofrer de trauma intenso, 59% afirmam estar esgotados algumas vezes por mês ou semana (burnout), 53% dizem ser “muitíssimo” afetados pelo medo de atropelar alguém, 65% já estiveram envolvidos em acidentes com vítimas mortais e 61% já sofreram algum tipo de acidente de trabalho.
Para além disso, 94% dos maquinistas fazem trabalho extraordinário, enquanto 75% dizem não ter tempo livre para a família e para si próprios. Nos estudos os maquinistas foram ouvidos diretamente, num conjunto de reuniões com grupos focais.