O Ministério Público espanhol abriu uma investigação ao caso dos insultos machistas por estudantes universitários em Madrid para determinar se constituem um crime de ódio, segundo fontes judiciais citadas pelos meios de comunicação de Espanha.
A investigação foi aberta na sequência de uma queixa do Movimento contra a Intolerância, que considerou estar em causa a violação de direitos e liberdades fundamentais, disseram as mesmas fontes, segundo as quais o caso está a ser investigado como possível crime de ódio e já foram iniciadas as primeiras diligências.
Os insultos machistas
Um vídeo com estudantes de uma residência universitária espanhola a gritarem insultos machistas a colegas está a desencadear uma onda de reações de condenação em Espanha desde quinta-feira.
No vídeo, gravado na noite de domingo e partilhado entretanto na Internet, um estudante de uma residência universitária masculina em Madrid grita, de uma janela, insultos para as colegas da residência feminina que fica em frente.
Pouco depois, e em resposta a uma frase do rapaz, num movimento sincronizado, levantam-se todas as persianas do edifício de sete andares e dezenas de estudantes entoam nas janelas cânticos machistas.
Residências da Universidade Complutense de Madrid
As duas residências fazem parte da Universidade Complutense de Madrid, e a direção da residência masculina, gerida pela ordem religiosa de São Agostinho, já expulsou pelo menos um dos protagonistas do vídeo, além de ter condenado publicamente os comportamentos visíveis na gravação, considerando-os “incompreensíveis e inadmissíveis”.
Segundo o subdiretor da instituição, Álvaro Nieto, citado pela agência de notícias espanhola EFE, “o vídeo viralizou-se” nos últimos dois dias, mas já tinham sido tomadas medidas “muito antes”, logo na noite dos acontecimentos, quando os vigilantes de segurança identificaram os estudantes que participaram nos insultos.
“A pessoa que se vê no vídeo a emitir os insultos foi expulsa imediatamente porque consideramos que este tipo de declarações não tem espaço, não só numa residência universitária, como numa universidade e na sociedade em geral”.
Além disso, a instituição assegurou que falou com os pais do estudante em questão e com os restantes estudantes, que vão ser obrigados a participar em conferências de sensibilização e a fazer voluntariado.
A Universidade Complutense de Madrid, por seu lado, expressou uma “rejeição total” dos comportamentos visíveis no vídeo e anunciou uma averiguação para apurar responsabilidades.
Pedro Sánchez disse na quinta-feira que o vídeo mostra comportamentos “inexplicáveis, injustificados e absolutamente repugnantes” e apelou a todos os partidos e outras organizações e entidades para ser colocado um travão ao machismo.
No parlamento, a ministra da Igualdade, Irene Montero, considerou o caso “a prova mais evidente” de que em Espanha “falta educação sexual”.