Um hospedeiro da companhia aérea Ryanair, em isolamento profilático devido à covid-19, denunciou hoje que há um foco da doença na base do Porto, lamentando que a empresa não obrigue a testar tripulantes antes de cada voo.
“Neste momento tenho conhecimento de sete casos confirmados de covid-19 na base do Porto da Ryanair. Poderão estar muitos mais tripulantes, mas como a Ryanair não exige a realização de testes antes de cada voo não há forma de saber e de controlar a doença”, denuncia o hospedeiro da Ryanair, que pede anonimato por medo de represálias.
Segundo o tripulante de cabine, alguns dos casos de colegas com covid-19 foram descobertos porque as pessoas “foram forçadas” a fazer o teste.
“Tenho conhecimento de várias situações de falsas informações prestadas às autoridades por parte dos trabalhadores, não por parte da Ryanair. Tanto quanto sei, ninguém se identifica como trabalhador da Ryanair, nem que são hospedeiros a trabalhar a bordo das aeronaves”, disse.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Ryanair confirmou hoje que “há um pequeno número tripulação de cabina baseada no Porto que está atualmente fora da escala após o teste positivo à covid-19”.
“A Ryanair cooperou totalmente com a autoridade de saúde local e qualquer tripulação considerada com contacto próximo de casos confirmados foi imediatamente removida da lista das escalas em total conformidade com as diretrizes da autoridade de saúde local”, acrescenta a Ryanair, numa resposta por escrito.
O hospedeiro denunciante conta que está a cumprir o isolamento até 31 de agosto porque esteve em contacto com uma hospedeira que testou positivo em meados de agosto e com quem trabalhou.
“Só no dia em que trabalhámos juntos contactámos com 689 passageiros”, recorda o hospedeiro, preocupado com as pessoas que viajaram na companhia aérea.
O hospedeiro revela ainda que fez a denúncia, por via telefónica, à PSP no dia 21 de agosto, sábado passado, pelas 20:49.
“Fiz uma denúncia de quebra de isolamento” contra hospedeiros que contactaram com a tal colega que testou positivo e que quebraram o isolamento, saindo do apartamento no domingo passado, dia 22, para ir passear durante mais de quatro horas, quando deveriam estar isolados.
A “PSP não se deslocou ao apartamento”, lamenta o denunciante.
O hospedeiro apela à empresa Ryanair para que exija testes aos seus trabalhadores antes de cada voo para prevenir casos de tripulantes que tenham estado em contacto com colegas positivos à covid-19.
A Lusa tentou saber se a Ryanair exige testes aos tripulantes antes de cada voo, mas não foi possível saber até ao momento.
Fonte oficial da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) indicou hoje à tarde à Lusa que “consultado o Departamento de Saúde Pública, informa que não tem conhecimento da informação em apreço, sobre o alegado foco de doença covid-19 na base do Porto da Ryanair com sete casos confirmados.
A covid-19 provocou pelo menos 4.430.846 mortes em todo o mundo, entre mais de 211,7 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.639 pessoas e foram contabilizados 1.019.420 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.