O regresso da Fórmula 1 a Portugal no fim de semana é “uma coisa fantástica”, enalteceu hoje o presidente do Automóvel Club de Portugal (ACP), recordando “Grandes Prémios maravilhosos” realizados no Estoril no século passado.
“Mesmo que nesta altura seja só uma vez, pois esta corrida serve para colmatar outras provas que não foram realizadas durante a pandemia, é ótimo para Portugal voltar a ter a Fórmula 1. Não só por aquilo que representa para o país, a região e o autódromo do Algarve, como para todos os fãs portugueses”, partilhou Carlos Barbosa à agência Lusa.
Portugal acolhe a 12.ª corrida do campeonato do mundo de 2020 de Fórmula 1 entre sexta-feira e domingo, no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, 24 anos após a última passagem da categoria rainha do automobilismo por solo nacional, em setembro de 1996, no Estoril, premiando os “esforços coletivos” manifestados por diversas entidades do país.
“O papel fundamental foi feito pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), que se disponibilizou em março para organizar uma prova no Estoril ou em Portimão. Concluiu-se que todo o ‘paddock’ não cabia no Estoril. Na altura em que a Fórmula 1 ia para lá havia tendas, mas agora são casas gigantescas”, comparou.
Valorizando o “lobby internacional” subsequente exercido pela entidade presidida por Ni Amorim, de modo a que a Federação Internacional do Automóvel (FIA) “tivesse presente que o AIA estava sempre disponível para o que fosse preciso”, Carlos Barbosa sublinhou ainda a “disponibilidade imediata” da administração do circuito luso.
“A Fórmula 1 e o MotoGP [em 20 a 22 de novembro] vão dar outra animação ao Algarve. Mesmo que não haja público, só as equipas e todo aquele ‘Grande Circo’ trarão muitas receitas. Vai ser muito importante para a região que estes dois eventos se realizem num ano difícil para Portugal, em que a maior parte dos eventos foram cortados”, notou.
Desse “impacto financeiro” depende a presença de público, que está a ser revista pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em função do agravamento da pandemia de covid-19, responsável por cinco adiamentos e 13 cancelamentos de provas incluídas na 70.ª temporada da história da Fórmula 1, que abriram a porta ao regresso de Portugal.
“É uma pista extraordinária e muito técnica, com curvas cegas e muito rápidas. Tem uma travagem no fim da reta que assusta um bocadinho, até porque desce e sobe outra vez antes de travar, mas o percurso é fabuloso. Os pilotos terão aqui um autódromo diferente daquilo que estão normalmente habituados”, analisou Carlos Barbosa.
Apesar do traçado inédito na história da Fórmula 1, o presidente do ACP acredita que “não haverá nenhuma surpresa nem qualquer hipótese” de contrariar a Mercedes, líder dos campeonatos de construtores, com 391 pontos, mais 180 do que a Red Bull, e de pilotos, encabeçado pelo hexacampeão mundial Lewis Hamilton, com 230 pontos.
“A Mercedes domina tudo e todos e está imbatível. Em 2022, com as novas regras técnicas, vamos ter corridas de Fórmula 1 a sério. Os carros serão todos iguais e será muito mais fácil haver diversos vencedores”, vaticinou, considerando que “dificilmente haverá dinheiro” para fixar o evento em Portugal “para lá de uma prova de substituição”.
Portimão será a quarta pista lusa a integrar o calendário do ‘Grande Circo’, depois dos circuitos da Boavista (1958 e 1960) e de Monsanto (1959) e do autódromo do Estoril (1984-1996), onde Carlos Barbosa guardou “memórias ótimas” do primeiro triunfo do lendário brasileiro Ayrton Senna, em abril de 1985, aos comandos de um Lotus-Renault.
“Foi um circuito penoso, mas extraordinariamente emotivo. Mostrou como se guiava à chuva e ganhou pela primeira vez logo em Portugal. Lembro-me de todos os Grandes Prémios seguintes, as vitórias do Alain Prost [1984, 1987 e 1988] e o desastre do [Gerhard] Berger na reta da meta [em 1993]. Não aconteceu nada por milagre”, contou.