Caro(a) Leitor(a),
1. Nesta minha primeira crónica, o assunto que vos trago aqui hoje prende-se com uma proposta de criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC), a localizar ao largo de Lagoa, Silves e Albufeira, numa área onde se encontra o Recife Natural Pedra do Valado, e que me tem merecido uma atenção muito especial, não só pelo que representa ao nível da sustentabilidade ambiental como também pela importância social e económica para a região do Algarve.
2. Esta proposta que foi entregue ao Governo, a 07 de Maio deste ano, pelos promotores da iniciativa, a Fundação Oceano Azul e o Centro de Ciências do Mar (CCMAR), da Universidade do Algarve, resultou de um processo inovador e dinâmico que envolveu, desde a primeira hora, os autarcas de Lagoa, Silves e Albufeira, a Região de Turismo do Algarve, as Associações de Pescadores e as Organizações Ambientais no sentido de se preparar um documento o mais completo possível, nas suas diferentes dimensões, acautelando e salvaguardando a maioria das preocupações manifestadas pelos diferentes protagonistas.
3. Da caracterização minuciosa dos habitats que constituem a Área Marinha a proteger, fica claro que a importância destes recifes rochosos é inquestionável visto funcionarem como áreas de reprodução, de maternidade, de viveiro, de abrigo e de alimentação, quer para espécies com valor comercial, como por exemplo dourada, pargo, e sargo, assim como para espécies ameaçadas, como são exemplo o cavalo-marinho e o mero. Num total de 889 espécies, 19 têm estatuto de conservação e 45 não se encontram em mais nenhum outro local da costa portuguesa. Logo, estamos perante uma área com um património natural inestimável que se constitui como um verdadeiro diamante da nossa região que importa preservar e defender.
4. Uma característica muito interessante e relevante nesta iniciativa é o facto de se alicerçar no conhecimento científico e de este servir como motor da tomada de decisão política. Esta é a estratégia certa, especialmente quando estão em causa questões tão sensíveis como a sustentabilidade de um ecossistema frágil, como é um Recife Natural, que para além do elevado valor em termos de biodiversidade marinha serve também de fonte de rendimento para várias comunidades piscatórias.
5. Termino com uma nota pessoal ao afirmar que sinto um enorme orgulho nas instituições e nas gentes da minha região que souberam unir esforços no sentido de preparar uma proposta de Área Marinha Protegida que cumpre com as exigências dos tempos atuais, no que respeita a um desenvolvimento sustentável e de preservação do meio marinho, mas também compatibiliza esta dimensão ambiental com a dimensão económica e social acautelando o bem-estar de todas e todos os que fazem do mar o seu modo de vida.
Um bem-haja e desejos de muita saúde.
Até breve!