A jovem de 17 anos que esteve à deriva no mar, em cima de uma prancha de stand up paddle, no Algarve, por 21 horas, revelou aos pais, irmã e médicos que viu no mar alto o que julgou serem “tubarões e baleias” e se agarrou ao remo, pronta a usá-lo como arma para se defender, avança o Correio da Manhã.
Segundo a mesma fonte, quem também nunca desistiu foi o pai de Érica. O homem nadou atrás da prancha quando o vento afastava a filha da praia do Coelho, em Monte Gordo, sem a conseguir alcançar, “nunca pôs outra hipótese além da que a filha seria encontrada com vida”, assegurou fonte da Autoridade Marítima. Com um psicólogo da Polícia Marítima, o pai percorreu no domingo os areais entre Cacela Velha a Isla Cristina para onde seria possível que a maré levasse prancha e Érica.
Jésisica foi encontrada a 25 milhas (cerca de 46 quilómetros) a sul de Vila Real de Santo António por um navio mercante que navegava a caminho de Tânger, em Marrocos.
Um helicóptero da Força Aérea Portuguesa foi enviado para recolher a jovem, que se encontrava num “elevado estado de hipotermia”, ainda em cima da prancha de paddle em que se deslocava quando desapareceu, segundo João Afonso Martins.
“Com tanto tempo no mar, em condições, penso eu, de stress máximo, é normal que seja surpreendente para todos. É preciso um instinto de sobrevivência, um autocontrolo, não entrar em pânico. Esta miúda é uma heroína, sem dúvida nenhuma”, disse Horácio Guerreiro, diretor clínico do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve.
A possibilidade de Érica ter alta nos próximos dias corresponde a um período curto de convalescença e de recuperação “de uma pessoa que esteve sujeita a um stress extremo”, revelam os médicos.