A internacionalização de uma tecnologia que permite poupar energia no setor hoteleiro através de dispositivos que regulam sistemas de ar condicionado é a aposta de uma empresa criada no ‘campus’ tecnológico da Universidade do Algarve (UAlg), anunciou a instituição académica.
A tecnologia foi desenvolvida com o apoio de “mais de meio milhão de euros da Portugal Ventures” pela empresa MTI (Managing The Intelligence), criada através de uma ‘spinoff’ (empresa subsidiária) com sede no UAlg Tec Campus, adianta a UAlg em comunicado.
O objetivo é permitir que o setor hoteleiro gaste menos energia, podendo ser alcançados níveis de poupança no consumo energético de, ”pelo menos, 50%” por unidade de alojamento, uma vez que os sistemas de ar condicionado consomem entre 50 a 60% da energia elétrica dos edifícios.
“A nossa solução é composta por dispositivos/sensores e uma aplicação ‘web’ que, em conjunto, controlam automaticamente o sistema de ar condicionado nos quartos de hotel de modo a que exista sempre uma temperatura de conforto”, explicou Miguel Silva, diretor executivo e fundador da MTI, citado no comunicado.
A mesma fonte esclareceu que esta ferramenta permite “desligar automaticamente o sistema de ar condicionado caso alguém abra uma janela e sempre que detete que o sistema continua ligado, mesmo após a saída dos hóspedes do quarto”.
Por outro lado, através da aplicação, é possível verificar a poupança efetuada e parametrizar as temperaturas desejadas nos quartos, acrescentou.
A universidade referiu que esta nova empresa foi criada em outubro de 2019 através de uma ‘spinoff’ de um projeto europeu de Investigação & Desenvolvimento Tecnológico (I&DT) em copromoção com a Universidade do Algarve e com o apoio do antigo quadro comunitário 2012-2016.
“Através de uma parceria entre a MTI e investigadores da Universidade do Algarve, o projeto consistia em desenvolver dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e treinar algoritmos de inteligência artificial, neste caso algoritmos genéticos, para otimizar e diminuir os consumos elétricos na utilização de vários equipamentos”, contextualizou.
Segundo Miguel Silva, os potenciais interessados nestes algoritmos de inteligência artificial são proprietários, arrendatários, utilizadores que acedam e utilizem estes edifícios, sejam eles residenciais, de comércio, turísticos, ou de serviços, que utilizem equipamentos consumidores de energia elétrica e que queiram diminuir a fatura elétrica.
O diretor executivo do MTI adiantou que o apoio que recebeu da Portugal Ventures permitiu avançar para a “industrialização da solução, desenvolvimento do departamento de ‘marketing’ e recrutamento de uma equipa de excelência”.
O objetivo para este ano é “escalar o negócio em Portugal e no mercado espanhol”, para depois, “nos próximos anos”, poder “estar presente em toda a Europa” e transformar-se numa “referência a nível mundial”, concluiu.