A Diocese do Porto anunciou esta sexta-feira ter recebido uma lista de 12 suspeitos de abusos sexuais de menores, sete dos quais são padres no ativo, prometendo suspendê-los preventivamente se “aparecerem indícios fiáveis” dos crimes.
Em comunicado, a Diocese do Porto adiantou que, além destes setes padres no ativo, quatro já morreram e um já não pertence a esta diocese.
“Por informação oral do Grupo de Investigação Histórica, ficou-se a saber que as denúncias se reportam às décadas de setenta e oitenta”, referiu.
Quanto aos sete padres no ativo, a diocese revelou que foi “imediatamente iniciada uma investigação prévia”, não tendo sido encontrado nos arquivos diocesanos “qualquer indicio” de possíveis crimes de abusos, tal como o Grupo de Investigação Histórica já tinha verificado.
“À Comissão Diocesana para o Cuidado dos Frágeis também não chegou qualquer denúncia relativamente a estes nomes. Não obstante, o processo de investigação continua”, vincou.
A Diocese do Porto revelou ainda que o bispo diocesano já reuniu com diversas pessoas, algumas das quais já não vivem na área da diocese, à procura de eventuais informações complementares, porém, estas não conduziram a “qualquer pista”.
“Se, entretanto, aparecerem indícios fiáveis, o bispo diocesano não hesitará em suspender preventivamente o clérigo em causa”, garantiu, acrescentando já ter entregado ao Ministério Público a lista recebida da Comissão Independente.
Na informação divulgada, a diocese lembrou que a Comissão Diocesana do Porto para o Cuidado dos Frágeis está em processo de renovação, pelo que brevemente ficará constituída apenas por leigos, dotada de sede própria e de melhores condições de trabalho, mantendo o email [email protected].
“Esta diocese reafirma o que sempre tem dito: coloca-se do lado das vítimas, sofre com elas e tudo está a fazer para criar uma nova mentalidade e atitudes, respeitadoras e seguras, de modo a que, os mais novos e suas famílias possam confiar plenamente nos agentes pastorais”, concluiu.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a ‘ponta do iceberg’” deste fenómeno.
A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.
Na quarta-feira, a diocese de Angra, nos Açores, e a arquidiocese de Évora, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados. Já hoje, também as dioceses da Guarda e de Braga anunciaram a suspensão de padres.