No passado dia 19 de maio celebrou-se o Dia da Escola Azul e decorreu na praia da Fuseta-Ria uma atividade realizada pelos alunos do 2.º ciclo do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes – Escola Básica 2/3 Dr. João Lúcio, na Fuseta.
Segundo refere o professor António Espadaneira, que acompanhou os jovens nesta iniciativa, “este grupo de alunos teve (literalmente) nas suas mãos uma tarefa execrável: apanhar beatas de cigarros atiradas para a areia da nossa praia”.
A atividade esteve inserida na iniciativa “Isto não é a minha praia”, cuja ação tem por finalidade realizar a recolha de lixo numa praia da região.
Este grupo, destacou-se dos restantes, cabendo-lhes a responsabilidade de recolher apenas beatas de cigarros, tendo atividade durado 45 minutos.
Esta praia é limpa regularmente. Durante a iniciativa os jovens recolheram cerca de um litro de beatas, “o resto ficou lá para ser varrido pelo mar”.
O professor António Espadaneira chama a atenção que a fibra das beatas é composta por plástico (acetato de celulose), para além de microplásticos, cada beata contém mais de 7000 substâncias químicas; em Portugal, por minuto, são atiradas para o chão à volta de 7000 beatas de cigarro para o chão; em todo o mundo, estima-se que 4,5 triliões de beatas são depositadas indiscriminadamente no ambiente, por ano (Litter Free Planet, 2009); as beatas são um dos detritos mais abundante em todo o mundo e no Oceano, os resíduos de cigarro são encontrados em 70% das aves e 30% das tartarugas.
Durante a ação, um senhor passeava o seu cãozinho no passadiço de madeira que comunica com a vila. O cãozinho parou repentinamente e agachou-se, evidenciando que iria fazer ali as suas necessidades, refere o docente.
“Duas alunas do 6.º ano tentaram, com delicadeza, impedir a tarefa: “Não cãozinho… aqui não…”. Fizeram-se ouvir para que o senhor seu dono tomasse conhecimento daquilo que estava a acontecer nas suas costas”, afirma o professor António Espadaneira, acrescentando que “este virou a cara momentaneamente para trás, mas logo ignorou a situação e continuou o seu passeio higiénico por entre a bela paisagem da Fuzeta”.
“O senhor vai deixar aqui o cocó?!”, perguntaram-me as alunas. “Deixei no ar uma proposta para um outro projeto a realizar num próximo ano letivo. Dez minutos depois, ao voltar para a praia, lá permanecia o viçoso dejeto fecal, majestosamente exposto ao trânsito pedonal”.
“Há um provérbio africano que diz: ‘É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança’. Se assim é, creio que naquele passadiço, àquela hora, também se fez educação”, conclui.