“Em 20 anos esta é a primeira vez que o parque fechou, nem no Natal e ano novo. Foi a primeira vez”, afirma à Lusa o diretor do parque, que alberga cerca de 1.200 animais de quase 145 espécies.
Numa altura em que a data para a reabertura dos parques zoológicos anda é uma incerteza, Paulo Figueiras manifesta a sua esperança que “em maio, mais tardar junho” possam voltar a abrir as portas, “ainda que com algumas restrições”.
Encerrado desde 15 de março é possível manter o seu funcionamento devido a “algum suporte financeiro”, mas apenas “durante algum tempo”, confessa.
Por isso, estão a promover campanhas de venda ‘on-line’ com 50% de desconto, “para entrar algum dinheiro em caixa” e vão procurar “dinamizar mais o zoo” explorando o cartão amigo “com valor anual fixo e visitas ilimitadas”, assim como o “apadrinhamento de animais e outras iniciativas”.
A gestão financeira, essencial nesta fase, obriga a uma poupança que se reflete nos trabalhos de renovação para assinalar o 20º aniversário do parque, mas não compromete o acompanhamento dos habitantes do zoo.
“Os animais continuam a ser tratados com antes”, afirma à Lusa o curador do parque, Agostinho Costa, que revela que a covid-19 não implicou “grandes cuidados de maior” nas rotinas de tratamento.
Segundo aquele responsável, “já havia essa preocupação” com alguns primatas, agora um pouco mais acentuada “com os chimpanzés, que podem ser portadores das doenças humanas”, realça.
As mudanças promovidas para celebrar os 20 anos notam-se logo à entrada do parque, com uma nova zona de receção aos visitantes, e uma nova loja cuja forma remete para uma caixa de transporte de animais.
É com um espírito otimista que os dois responsáveis do parque continuam a tratar diariamente dos animais e do espaço, “mantendo os mesmos horários de alimentação e limpeza”, que convidam a equipa da Lusa a acompanhar.
“Não temos visitantes, mas tudo o resto tem de manter a sua rotina”, refere Paulo Figueiras, sublinhando que este ano “vão ser bem menos” as pessoas que visitam o parque, que recebia cerca de 70 mil visitantes, por ano.
Este ano, só das escolas receberam cancelamentos de “6.000 alunos” revela o diretor do parque, localizado em Barão de S. João, a 16 quilómetros de Lagos, distrito de Faro,
A redução das visitas dos alunos levou também à “criação de cadernos escolares” que estão a ser “disponibilizados gratuitamente ‘on-line’, para que as famílias as possam usar”, nota.
Situado à entrada do recinto, é junto à ‘Boulders Beach’ que os pinguins acorrem ao chamariz do tratador, habituados que estão a esta rotina e ao cheiro do peixe que lhes é lançado para o tanque.
São pinguins-africanos trazidos em 2017 para ajudar à recuperação da espécie ameaças no habitat local, do sul da Namíbia até à África do Sul.
“Ali está um casal que deve ter posto ovos ontem ou hoje”, exclama Agostinho, apontando para um dos buracos deliberadamente construído nas paredes do recinto, facilmente visível da paliçada de observação ali construída.
Este é o animal escolhido para um dos conteúdos digitais que estão a ser produzidos e que, neste caso, conta a história de um pinguim que se perde no parque e é procurado por todos os animais do Zoo.
Percorrendo o parque, parece que nada mudou, à medida que o carro da comida se aproxima, os animais revelam o total conhecimento do ritual. Lémures, saguins, macacos e os outros primatas do zoo aguardam pelo horário de alimentação.
A fruta e os legumes são ofertas de cadeias de supermercados com quem têm “um acordo para a recolha do que já não podem vender aos clientes”. Já a ração e o feno “têm de ser comprados”.
Agostinho considera que “metade dos animais talvez sintam alguma falta dos visitantes”, mas é algo que “se poderá revelar” daqui a umas semanas quando o parque reabrir, já que “nessa altura poderão estranhar tanta gente”.