Segundo uma análise hoje divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que privilegia a perspetiva espacial, desses 34 municípios havia 23 na região Norte, 10 na região Centro, aos quais se junta o município de Lisboa.
Ainda entre os 34 havia quatro municípios contíguos da Área Metropolitana do Porto – Valongo, Porto, Maia e Gondomar – que se destacaram por terem 30 casos de infeção confirmados por cada 10 mil habitantes, ou seja, o dobro da média nacional, mas ainda assim abaixo dos municípios de Ovar – onde foi declarado estado de calamidade e imposta uma cerca sanitária – e de Resende, ambos com mais de 50 casos por cada 10 mil habitantes.
O INE ressalva, no entanto, que os dados recolhidos na última semana de março indicam uma redução da concentração territorial de casos para se passar a observar uma “disseminação espacial progressiva no conjunto do país, sobretudo entre os dias 25 e 31 de março”.
Na análise o INE destaca ainda as diferenças entre as duas grandes áreas metropolitanas do país, “que detêm níveis elevados e próximos de intensidade de urbanização e valores diferenciados de incidência de casos confirmados – a Área Metropolitana do Porto com 23,2 casos confirmados por 10 mil habitantes e a Área Metropolitana de Lisboa apenas com 8,1 casos confirmados”.
Os dados revelam ainda que havia 13 municípios com valores acima da média em dois indicadores: número de casos confirmados por cada 10 mil habitantes e proporção de população com 65 anos ou mais.
Entre estes destacam-se Porto, Resende e Alvaiázere, com mais de 30 casos confirmados por cada 10 mil habitantes.
O INE apresenta ainda dados sobre a mortalidade total no país em março e uma comparação com os anos de 2019 e 2018, que mostra que no último mês morreram mais 233 pessoas do que em 2019 e menos 277 pessoas do que em 2018.
Verifica-se também que em 143 dos 308 municípios portugueses morreram mais pessoas em março de 2020 do que a média que resulta dos meses de março de 2019 e 2018, considerado para análise deste indicador o período de referência.
Nesses 143 houve 27 onde se registaram valores superiores a 150 óbitos por cada 100 óbitos ocorridos no período de referência.
Almodôvar, no Alentejo, registou no último mês 250 óbitos por cada 100 óbitos no período de referência, sendo o município com o registo mais elevado. Castanheira de Pera, Vila Nova de Foz Coa e Montemor-o-Velho aproximaram-se também desse registo.
Os dados, no entanto, são ainda preliminares e dizem respeito a todas as causas de morte.
“Naturalmente, para além do impacto direto da pandemia no sentido do aumento do número de óbitos, do impacto indireto, em consequência de uma maior vulnerabilidade associada a outras doenças, e colateral, pelo efeito de uma menor propensão de recurso aos serviços de saúde por pessoas com doenças de risco, é possível que se registe um impacto de sinal contrário, associado nomeadamente à redução de acidentes de vária natureza, como os que decorrem de acidentes de viação”, lê-se no documento divulgado pelo INE.
“O escrutínio final só poderá ser feito quando a informação sobre causas de morte estiver disponível”, acrescenta-se.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).
Dos infetados, 1.173 estão internados, 241 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 205 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado no dia 02 de abril na Assembleia da República.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.