O presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou esta quinta-feira que “é uma estratégia correta” a construção de uma futura barragem na ribeira da Foupana, para reforçar o sistema de abastecimento de água no sotavento algarvio.
Luís Montenegro falava durante uma visita ao local onde se prevê que a construção da barragem pode ser feita, depois de ouvir o presidente da Associação de Regantes do Sotavento Algarvio, Macário Correia, apresentar o projeto, no âmbito de um périplo de quatro dias que o presidente do PSD encerra esta quinta-feira no Algarve.
“Estamos ano após ano a viver o agudizar da situação da seca, estamos ano após ano com soluções de remendo muito discutíveis e estamos ano após ano às vezes a hesitar na estratégia. E eu acho que esta estratégia [da construção de nova barragem na Foupana] é uma estratégia correta”, afirmou o presidente do PSD numa conversa com Macário Correia e a vice-presidente da Câmara de Castro Marim, Filomena Sintra.
Montenegro defendeu ser importante não se pensar sempre “em grandes projetos”, que “demoram mais tempo”, como é o caso da “gestão da própria água ao longo do território do país e a condução para a zona sul do país de alguma capacidade” que há no norte do país.
“Não tenho uma noção dogmática sobre isso, acho que devemos olhar para isso, tenho a noção que o país não tem propriamente falta de água, o que tem é uma má gestão da água que tem, é evidente que numa ou noutra região há mesmo falta e ela tem de ser suprida. Posso dizer que vou ainda mais sensibilizado para podermos acompanhar de perto este projeto”, acrescentou o líder social-democrata.
Antes, Macário Correia mostrou um mapa da associação de regantes do sotavento que mostra como as barragens do Beliche e de Odeleite, as duas que existem na zona mais oriental do Algarve, abastecem de água todo o sotavento algarvio, até Quarteira, e como o Plano de Eficiência Hídrica do Algarve já previa a barragem da Foupana, que desagua na ribeira de Odeleite, que é um afluente do rio Guadiana.
“Podem ser quatro a cinco anos. Vamos ter um ano para o projeto, mais uns meses para Impacte Ambiental, se tudo correr bem e houver condições financeiras [haverá] um concurso público internacional para a obra, mais uma fase de contencioso para os concorrentes, que é uma coisa expectável, poderia haver obra daqui a três anos e com mais dois ou três de obra, Por isso meia dúzia de anos é sensato”, estimou o presidente da associação de regantes ao ser questionado pelo presidente do PSD sobre o prazo para a conclusão do projeto.
Macário Correia explicou que a ribeira da Foupana nasce na serra do Caldeirão, tem uma extensão de cerca de 100 quilómetros e na zona há uma pluviosidade de 800 milímetros por ano, que permitiriam um reforço das reservas superficiais disponíveis para fazer frente à seca que afeta o território algarvio.
O antigo autarca de Faro e Tavira explicou que a associação que preside obteve financiamento para o projeto de engenharia da futura barragem da Foupana e defendeu a viabilidade ambiental do projeto, pelo qual a associação se vai bater.
“Nòs assumimos esse combate porque havia hesitações das entidades regionais e não largamos mais o assunto”; assegurou Macário Correia, considerando que o projeto é “consensual” e “faz parte do plano e eficiência hídrica” do Algarve.
Em termos de custos, e apesar de ainda não terem sido definidos de forma rigorosa, Macário Correia reconheceu que o valor andará entre os 60 e os 80 milhões de euros.
Após a visita ao local, a comitiva de Luís Montenegro seguiu para um almoço em Alcoutim e vai encerrar o périplo pelo Algarve em Santa Rita, no concelho de Vila Real de Santo António, onde se vai reunir com a Associação de Utentes da Estrada Nacional 125, que pede a requalificação urgente do troço entre Vila Real de Santo António e Olhão.
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