O Discord é uma aplicação gratuita que permite aos utilizadores falarem por telefone, vídeo ou mensagem. Foi criado em 2015 com o intuito de reunir jogadores e de acolher comunidades de gamers, para que os utilizadores pudessem ir conversando enquanto jogavam. “O Discord foi criado para resolver um grande problema: como comunicar com amigos ao redor do mundo para jogar jogos online”, explica a rede social na sua página oficial.
À medida que começou a ganhar cada vez mais utilizadores, o Discord evoluiu e deixou de ser usado apenas no universo do gaming. Podem ser criados grupos ou comunidades sobre qualquer tópico – qualquer mesmo. “Um espaço onde todos podem encontrar a sua tribo” é o mote da app. De acordo com a própria empresa, mais de 100 milhões de pessoas usam o Discord.
Com a plataforma a crescer a um ritmo tão rápido, começaram a surgir problemas relacionados com a segurança e com a forma como as pessoas utilizavam a aplicação. Cerca de dois anos após o seu lançamento, a rede social começou a registar comportamentos hostis e abusivos dentro de chats, desde assédio e pornografia infantil, a conversas sobre bombardeamentos e atentados.
Foi no Discord que João revelou o seu plano de levar a cabo um assassinato em massa no Bloco 3 da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, usando facas, uma besta e explosivos fabricados por si para matar e incendiar estudantes e as instalações universitárias. Com a alcunha “PsychotycNerd#6116”, João contou este plano a Sammy, um utilizador americano que, alarmado com a conversa, acabou por avisar o FBI por email no dia 4 de fevereiro.
No Discord, a comunicação é à base de grupos e de convites, tratando-se de um espaço supostamente controlado. No entanto, à medida que a app começou a ganhar popularidade, também se tornou comum alguns utilizadores invadirem grupos, forçando a sua entrada indesejada e publicando conteúdos abusivos, ofensivos e de incitamento ao ódio.
Há chats que existem só para coordenar ataques – os chamados “raids” – a outras comunidades na aplicação que são, muitas vezes, comunidades religiosas ou de LGBT. Outras ‘salas’ existem para doxing: divulgar informação pessoal, como moradas ou números de telefone das vítimas. O Discord tornou-se ainda o lugar de encontro de grupos mais nefastos que começaram a planear ataques a outros sites ou a invadir outros servidores.
A empresa já fez saber que este tipo de ataques e de comportamentos abusivos são contra os seus termos e privacidade, garantindo que são tomadas as medidas necessárias assim que os problemas são reportados. O Discord também aposta nos moderadores para “criar espaços onde as pessoas se sintam seguras” – “são a chave para criar uma comunidade incrível”, segundo a empresa.
Para poderem usar a aplicação, os utilizadores têm de ter pelo menos 13 anos, apesar de não existir um método de verificação. O Discord também não oferece qualquer controlo parental.
A aplicação, desenhada pela Hammer & Chisel, que agora se chama Discord Inc, foi comprada pela Microsoft em por mais de 10 mil milhões de euros em março do ano passado.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL