O inverno climatológico já vai a meio – início a 1 de dezembro e fim a 29 de fevereiro – e, para além da escassez da ocorrência de queda de neve, os dias de tempo frio também têm sido raros. Aliás, para além da chuva, os últimos dias têm sido marcados por temperaturas amenas e invulgares para esta época do ano.
Será que Portugal ainda irá testemunhar alguma vaga de frio e queda de neve naquilo que resta do mês de janeiro?
Segundo Alfredo Graça, geógrafo e especialista da Meteored Portugal, “neste momento Portugal continental está a experimentar condições meteorológicas instáveis geradas pela passagem da Depressão Irene, algo que durará até ao final desta quarta-feira (17). Após o dia de hoje, espera-se que uma nova depressão, muito cavada, passe pelo nosso país entre quinta (18) e sexta-feira (19) e possa inclusive originar queda de neve nalguns pontos do território acima dos 1000 metros de altitude, além de chuva. Também se prevê uma descida das temperaturas provocada pela chegada de uma massa de ar polar entre sexta (19) e sábado (20)”.
De acordo com o modelo de referência da Meteored Portugal, a reta final desta semana, a partir de sexta (19), será provavelmente o único episódio de tempo frio durante toda a segunda quinzena de janeiro. Para além disto, será de curta duração dado que no início da próxima semana espera-se uma nova subida das temperaturas na nossa geografia.
Mapas apostam em temperaturas bastante invulgares na próxima semana
Prevê-se que o estado do tempo em Portugal continental na semana de 22 a 28 de janeiro seja bastante condicionada pelas altas pressões. A crista subtropical deverá dominar o panorama meteorológico no nosso país, situação que parece convergir com o que se observa nos mapas: uma semana com anomalias térmicas positivas muito significativas, isto é, com temperaturas bem acima da média climatológica de referência.
Para as Regiões Norte e Centro preveem-se entre 3 e 6 ºC acima do normal. Nas restantes regiões – grosso modo a sul do Tejo – as anomalias térmicas positivas serão menos acentuadas, mas ainda assim significativas, estimando-se temperaturas até 3 ºC acima do habitual. O mesmo panorama de temperaturas acima da média deverá verificar-se nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. A única exceção poderá ocorrer no Grupo Ocidental dos Açores (Corvo e Flores) dado que os mapas do ECMWF apostam numa anomalia térmica negativa (até 1 ºC abaixo da média).
Para os últimos dias de janeiro e primeiros de fevereiro, não se vislumbra uma mudança radical no estado do tempo em Portugal. De facto, os mapas do nosso modelo de referência mantêm-se firmes quanto à persistência das altas pressões no Sul e Sudoeste Europeu. Isto resultaria assim em temperaturas até 3 ºC acima da média em quase todas as unidades territoriais de Portugal nesse período.
Depois da chuva, haverá queda de neve no que resta de janeiro?
Como já foi referido, à exceção da possibilidade de queda de neve que se vislumbra para esta sexta-feira (19) nalguns pontos da geografia do Continente, as temperaturas demasiado elevadas para esta altura do ano e que se preveem a partir de dia 22, impossibilitarão a ocorrência deste hidrometeoro branco.
Após o período de chuva gerado pelas Depressões Hipolito, Irene e pela depressão que irá chegar entre quinta (18) e sexta (19), a possibilidade de ocorrência de chuva é muito reduzida a partir do dia 20, sendo provavelmente inexistente nalgumas zonas do território.
Assim, de acordo com os mapas, tudo indica que o mês de janeiro se despedirá sem o tempo tipicamente invernal, algo claramente favorecido pela continuidade do padrão NAO+, em que as depressões circulam em latitudes muito altas e as altas pressões ficam centradas nas nossas latitudes.
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