Falamos da perda involuntária ou incontrolável de urina, fenómeno que atravessa transversalmente a sociedade, mesmo sendo predominante na mulher. Os seniores são o grupo etário mais atingido. Há quem pense que a incontinência urinária é uma consequência inevitável do envelhecimento dos órgãos, não é bem assim, a continência depende da integridade anatómica e fisiológica, isto para sublinhar que o estado de continência urinária depende de um funcionamento harmonioso e eficaz entre a bexiga e um esfíncter (músculo que assegura a oclusão ou abertura). Mas a continência também depende dos rins, do sistema nervoso e da capacidade física e psicológica do indivíduo em reconhecer e responder à vontade de urinar.
São vários os fatores associados à incontinência. Será o caso, por exemplo, da imobilidade associada a doenças crónicas, o uso de certos medicamentos, estilos de vida pouco saudáveis, a diabetes, alterações anatómicas, como a descida da bexiga, uretra ou reto, e as infeções urinárias.
Nas mulheres, a principal causa de incontinência é a falta do suporte muscular no local onde a bexiga se une à uretra. Recorde-se que o parto pode também contribuir para esta incontinência. Bom, de que tipos de incontinência urinária podemos falar? Fundamentalmente de três: de esforço (tossir, espirrar, levantar pesos, fazer exercício físico, por exemplo), que resulta num aumento da pressão abdominal, deixando o esfíncter de ter força suficiente para suster a saída da urina; de urgência, que se traduz pela perda involuntária de urina precedida por uma sensação forte de necessidade de urinar, sendo este o tipo mais frequente de incontinência nos idosos e estando realmente associada ao processo de envelhecimento dos órgãos; mista, uma combinação de incontinência de esforço e de urgência.
É tudo mais fácil no diagnóstico precoce. Em muitos casos, o tratamento requer somente que se tomem medidas simples que levem à mudança de comportamentos. Existem produtos para incontinentes que permitem diminuir as suas repercussões enquanto aguardam tratamento definitivo. A incontinência por urgência pode ser prevenida urinando frequentemente com intervalos regulares. Na mulher, para a resolução de casos de incontinência provocada pelo esforço e associada à menopausa pode contribuir o uso de cremes que contenham estrogénios, associado a exercícios de reabilitação dos músculos pélvicos. Nos tratamentos com medicamentos, o médico pode prescrever fármacos que controlam os espasmos, terapia hormonal de substituição, antibióticos, etc., de acordo com o tipo de incontinência e a sua origem. Quando estes tratamentos falham, pode ponderar-se a cirurgia. Esta está indicada em situações como: incontinência urinária de esforço moderada a grave; anomalias anatómicas; casos de aperto uretral que poderão ser resolvidos por uretrotomia (corte induzido na parede da uretra para aumentar o seu diâmetro).
O Dia Mundial da Incontinência Urinária comemora-se a 14 de março.