A Escola é muito maltratada em Portugal por incompetência e incúria com laivos de malvadez, e em muitos outros países no mundo por pobreza e malvadez.
A incúria ocorre há muitos anos pela falta de investimento no sistema de ensino e perseguição aos professores, não é por acaso que os cursos via ensino quase acabaram, ninguém quer ser professor. Isto é em relação ao ensino dito ‘normal’, mas a escola não se esgota aí, deveria haver uma atenção especifica para a formação de jovens adultos e de adultos.
A malvadez decorre da vontade de alguns de que a população seja o menos literata possível para que não saiba ‘levantar ondas’.
A seguir ao 25 de Abril acabaram com o ensino intermédio ao nível do secundário, com o argumento do ensino igual para todos, contudo somos todos diferentes, negaram a qualidade e necessidade das escolas comerciais e industriais, mostraram uma grande ignorância e desprezo por todos aqueles que não querem ou não conseguem ser doutores ou engenheiros. É melhor ser um bom pedreiro do que um mau advogado.
Ao longo da minha carreira como professor, lecionei matérias teóricas, durante muitos anos, a adultos que regressavam à escola na esperança de aprenderem alguma coisa útil para as suas profissões. Eu via a frustração estampada naqueles rostos. Iam para a escola para ver se conseguiam arranjar um “empregosinho” porque já sabiam que não iriam aprender uma profissão. A escola em Portugal está estruturada para conduzir os jovens até à universidade, esquecendo uma grande parte da juventude que fica pelo caminho. Não é por falta de programas das Nações Unidas para a formação de adultos nem por falta de grandes pedagogos mundiais nesta área, ao longo dos séculos XIX e XX.
Tive a oportunidade de me dedicar ao estudo destas questões, que aliado à minha experiência de vida, me permite ver os “teóricos” que emitem asneiras nesta área, como meras ratas de biblioteca ao serviço de interesses ‘desconhecidos’, mas o problema é que são esses que põem em prática as suas ideias fantasiosas que nada têm a ver com a realidade concreta da vida das pessoas.
Gosto imenso de Economia, mas será adequado passar noites a ensinar teorias e conceitos desta área, ou de psicologia, ou de matemática, ou outra ciência qualquer, a quem quer aprender a fazer uma soldadura, ou uma instalação elétrica, ou concertar um motor? E o que dizer de um desempregado, com 60 anos, ser obrigado a ir “estudar” à noite para receber o subsídio de desemprego? A formação de adultos e a formação ao longo da vida é uma quimera neste país.
Existem algumas escolas profissionais que desenvolvem um trabalho exemplar com os jovens que não querem seguir a via ensino, bastaria copiar o modelo se houvesse vontade política.
O tecido empresarial não absorve todos os recém-licenciados nem tem técnicos intermédios para colmatar as suas carências de profissionais qualificados.
É necessário coordenar e planificar o sistema de ensino, nas diferentes vertentes de educação e formação através de áreas vocacionais bem definidas, com coerência e sem floreados linguísticos e pseudointelectuais, tendo em atenção as capacidades reais dos alunos e as necessidades do país.