Muito se tem ouvido falar dos malefícios causados pela austeridade que terá sido imposta ao País depois da crise que obrigou a ficarmos dependentes de dinheiro e de decisões de entidades estrangeiras e embora isso tenha acontecido em 2011 agora continuamos a atribuir-lhe, à austeridade é claro, muitas das nossas dificuldades operacionais.
Mas para podermos iniciar este apontamento, que se pretende seja austero, deveremos consultar o dicionário para se assentar no significado desta terrível palavra: qualidade ou caracter de austero, comedimento, critério, despojamento, equilíbrio, frugalidade, método, modéstia, ponderação, prudência, reserva, rigor, sensatez, sobriedade, virtude…
Assim, a austeridade parece ser algo bastante bom para se praticar e convém portanto analisar melhor o enquadramento da “austeridade” que se diz ter sido praticada.
Para começar a dita crise, que há quem diga de 2008, começou a ser desenvolvida logo durante a década de 80 quando se tomaram decisões influenciadas pelo neoliberalismo e pela prática de gestão pouco eficiente sem consideração pelos objetivos relacionados com a independência e a sustentabilidade do País portanto contra o que está estabelecido na Constituição, e obviamente apoiada pelo Bloco Central.
Daqui resultou a destruição de várias atividades empresariais quer em indústrias quer nos transportes marítimos e o desenvolvimento crescente de interesses cruzados entre o Estado e Privados e ainda à entrada de várias centenas de milhares de euros para ambos os setores cuja maioria não foi usada para criar riqueza e postos de trabalho sustentados mas para especulação e outros fins pouco recomendáveis donde a criação de uma bolha que rebentou em 2011 e nos deixou com a enorme dívida que tanto vai onerar a vida dos portugueses nos próximos anos.
Em resumo, foi um período em que não houve qualquer austeridade mas antes pelo contrário houve desonestidade, corrupção, ganância e deficiente gestão, tudo isto muito generalizado e como está explicado na literatura especializada a começar de cima para baixo…
Portanto, em 2011 era forçoso passar a haver austeridade mas o que aconteceu foi haver um desvio de finalidade e ela foi perturbada pelos hábitos ganhos no período anterior e substituída por avareza e deficiente gestão donde resultaram os cortes cegos, a venda de empresas vitais para a nossa independência, o crescimento da dívida externa, o adiamento das correções estruturais da nossas deficiente operacionalidade, e só não houve mais estragos porque a nossa vizinha Espanha tem recuperado, o Turismo nacional mesmo sendo mal gerido cresceu e apesar dos erros de gestão dos nossos órgãos de soberania tem havido iniciativas privadas muito proveitosas.
Mas há que corrigir o conceito de austeridade pois ela nunca foi de facto aplicada e é indispensável que o seja, para que nem se volte a criar uma bolha perigosa nem se caia na ratoeira imediatista dos que querem gastar mais do que o que se produz sem corrigir a baixa operacionalidade, prejudicando a vida das gerações futuras e não recuperando a perdida independência nacional.