A leitura do título poderia levar-nos a inferir que estamos perante uma reflexão sobre determinada projeção cinematográfica de Hollywood. Todavia, o encadeamento de acontecimentos e as peripécias à volta do principal assunto da atualidade, rapidamente, impõem sentido de orientação no nosso pensamento e recentra-o, fazendo perceber que não se trata de um filme, mas sim da realidade envolvente – uma realidade, na qual, a humanidade, uma vez mais, se vê embrulhada num conflito à escala global.
Estávamos no início de dezembro do ano 2019, quando um vírus desconhecido pela ciência causava uma doença pulmonar grave em humanos, na China. Desde então, o mundo nunca mais voltou a ser como era.
Conscientes de que as nossas defesas naturais não estavam preparadas para combater este novo agente patogénico/infecioso e que não estão disponíveis medicamentos para nos proteger, não havia alternativa se não voltar a “chamar” um dos nossos “super-heróis” para cenários de escala global – falamos da vacina –, tal como Gim Gordon (Comissário Gordon) chama o Batman. Acontece que nas histórias do Batman, este parece sair-se sempre vencedor.
Terá a versão atual da vacina capacidade para preparar/treinar o nosso sistema imunológico, para que este saia vencedor perante um poderoso “vilão” (SARS-CoV-2), capaz de sofrer mutações? Cuidado com o que se promete!
Da leitura atenta das inúmeras notícias que se divulgam diariamente, parece ainda não ser possível inferir que sim. O próprio vice-almirante Gouveia e Melo (coordenador da Task Forcepara o plano da vacinação contra a Covid-19, em Portugal) referiu muito recentemente o seguinte: Nósainda não sabemos qual é o grau de proteção que as vacinas dão…A própria Direção Geral de Saúde parece ter dúvidas – se assim não fosse, as regras de isolamento para os vacinados não seriam as mesmas dos não vacinados. O caso mais surpreendente aconteceu, recentemente, com o nosso Primeiro Ministro – vacinado (?!) e isolado. Vários investigadores referem que os vacinados continuam a transmitir o vírus a outros e não conseguem precisar quanto tempo dura a potencial imunidade.
A vacina já mostrou ter força, mas, por enquanto, apenas parece ser capaz de evitar doença grave e morte. Precisamos de mais – erradicar o nosso “vilão” ou anular-lhe todo o seu poder. Isso parece só ser possível quando quem está imunizado não o transmitir a quem não tem anticorpos. Em consequência deste quadro, a situação ainda continua a ser bastante preocupante. Não é alarmante, porque tem havido esse cuidado. A vacina é considerada o “símbolo da esperança” neste conflito, tal como Batman o é em Gotham City. Não sabemos como poderá reagir a humanidade se se perder essa esperança. Todavia, parece haver cada vez mais certezas que para o nosso sistema imunológico vencer/erradicar verdadeiramente este difícil “vilão”, o nosso “super-herói” terá de ser “reprogramado”. Assumir essa necessidade, demonstra evolução. Já dizia o professor Charles Xavier (X-Men) – só porque alguém tropeça e se perde no caminho, isso não significa que está perdido para sempre.
Enquanto não há certezas e essa “reprogramação” não acontece, todos temos de continuar a ser heróis desta narrativa. Para tal temos de continuar a lavar frequentemente as mãos, manter uma distância segura de qualquer pessoa que estiver a espirrar ou tossir, usar máscara sempre que o distanciamento físico não for possível, não tocar nos olhos, no nariz ou na boca, sem antes ter lavado as mãos, cobrir o nariz e a boca com o cotovelo fletido ou um lenço quando tossirmos ou espirrarmos, ficar em casa se nos sentirmos doentes e procurar assistência médica se tivermos febre, tosse ou dificuldade respiratória.
Podemos ainda não conseguir vencer o SARS-CoV-2, mas podemos não contribuir para que ele se torne mais forte.
Como dizia Clark Kent (Super Homem): existe um super-herói em todos nós, só precisamos da coragem para colocar a capa.