Quem esteve infetado e recebeu apenas uma dose da vacina produziu mais anticorpos contra a covid-19 do que quem tomou as duas doses.
O estudo serológico realizado nos lares do Alentejo e do Algarve concluiu ainda que é a partir dos 70 anos que o nível de anticorpos é mais baixo.
O estudo revelou que os idosos que já tinham estado infetados e, por isso, só levaram uma dose da vacina têm mais anticorpos do que aqueles que não tiveram covid-19 e têm a vacinação completa.
Mas isto não significa que quem tem menos anticorpos não esteja protegido. É preciso ter em conta a memória que fica nosso sistema imunitário, nas chamadas células T, que não é possível avaliar a com os testes serológicos.
No estudo, foram feitos mais de 5 mil testes, realizados em 15 dias.
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Estudo revela baixa “abrupta” de anticorpos em vacinados com mais de 70 anos
Um estudo do Algarve Biomedical Center e da Fundação Champalimaud realizado em mais de cinco mil pessoas vacinadas e apresentado hoje concluiu que, passados quatro meses após duas doses de vacina contra a covid-19, há uma “diminuição abrupta” dos anticorpos.
“Há uma diminuição abrupta dos anticorpos em pessoas com mais de 70 anos que tenham tido duas doses de vacina e quatro meses após a vacinação completa. Contrariamente, as pessoas que tiveram covid-19 e que receberam uma dose de vacina mantêm níveis altos de anticorpos ao longo de todo o tempo”, anunciou o responsável do estudo do Algarve Biomedical Center, que foi apresentado em Viseu.
Nuno Marques concluiu assim a apresentação do estudo denominado “Protetor covid-19”, realizado, em parceria com a fundação Champalimaud, com o apoio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social, durante 15 dias do mês de agosto nas regiões do Alentejo e Algarve, em 5.174 residentes e trabalhadores em lares de idosos.
Do total de pessoas analisadas, 2.303 foram funcionários de lares e 2.871 foram utentes residentes. A população do estudo foi maioritariamente feminina, e entre os funcionários a idade média foi de 47 anos enquanto nos utentes foi de 85 anos. Destes, 2.277 têm mais de 80 anos e mais de 1.000, têm mais de 90 anos.
Nuno Marques explicou que os objetivos do estudo, “o maior do género”, era perceber qual a percentagem de utentes e funcionários de lares que possuem anticorpos para a covid-19, durante quanto tempo utentes e funcionários mantêm anticorpos após a vacinação, se a presença de anticorpos varia com a idade e se haveria diferenças na presença de anticorpos entre as pessoas vacinadas com duas doses e as que tiveram covid-19 e receberam uma dose de vacina.
“O estudo mostrou que nos funcionários temos anticorpos presentes em 79% deles e nos utentes em 46% deles. É uma diferença estatisticamente significativa e altamente considerável entre os dois, mas este dado precisava de ser trabalhado de outra forma para se compreender melhor”, avisou.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, assistiu à apresentação do estudo e, no final, disse que iria levar o documento para a reunião de peritos hoje no Infarmed, porque “a informação ajuda na decisão” a tomar para o futuro.
“Fica evidente neste estudo que não podemos baixar a guarda, do ponto de vista de manter as medidas de proteção, naturalmente com uma capacidade de irmos evoluindo, como fomos evoluindo”, disse Ana Mendes Godinho.
A governante alertou que “há muitas outras características deste isolamento que depois também têm efeitos nefastos nas pessoas” e apelou para que se cuide “dos outros lados da pandemia, nomeadamente do isolamento dos idosos”.
Ana Mendes Godinho disse que uma das medidas preventivas para proteger os idosos é “a testagem aos funcionários à entrada dos lares que vai manter-se” no programa de outono e inverno que está a ser preparado e pediu “a abertura para as visitas, sempre com medidas de prevenção, para retomar a vida de forma tranquila” também nos lares.
Nuno Marques anunciou que o estudo vai ser enviado para instituições europeias.