As perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, mais do que as doenças oncológicas (10,4%) e apenas ultrapassadas pelas doenças cérebro-cardiovasculares (13,7%).
Seria expectável perante este quadro um investimento robusto e emergente nesta área, tanto ao nível de prevenção com intervenção.
Estaremos nós no caminho certo?
O que motiva a procura de um psicólogo, psicoterapeuta ou psiquiatra é o sofrimento significativo, que atinge um mal-estar intolerável e alterações no funcionamento social, profissional e ocupacional, porém essa ajuda profissional nem sempre está ao alcance de todos.
Assim, os fármacos em Portugal assumem o papel “pensos rápidos”, ou seja, a solução na diminuição do sintoma, não resolvendo o problema na sua génese e diria até mesmo desvalorização da doença em si.
Por consequência as famílias sofrem com a tensão, o medo, a falta de respostas e a ausência de informação, modificando toda uma dinâmica familiar.
Acredito que a solução consiste na realização de um programa terapêutico baseado num modelo integrativo, num processo multidisciplinar com vista à recuperação do paciente e das suas famílias, não perpetuando a doença por gerações.
O apoio dos nossos governantes deve assentar numa atitude mais musculada, de acesso transversal à condição social, ajustado às necessidades de cada paciente, sustentado em tratamentos terapêuticos residenciais, equipas especializadas, clínicas psiquiátricas, numa resposta célere, concreta e absoluta, tal como acontece em qualquer outro tratamento. Não devemos chegar ao extremo de um internamento compulsivo nem deixar o paciente entregue a si próprio.
É fundamental formar equipas especializadas não só multidisciplinares como interdisciplinares, avaliar e sinalizar situações de risco com vista a uma intervenção iminente e precoce, afinal a saúde mental não pode esperar!
No caso do Algarve, conhecido pelas belas praias, marisco e peixe assado, que vive particularmente do turismo, é esquecido e desprovido de recursos nesta área. Por vezes tenho até a sensação que Portugal se esquece dos Algarvios. Há que priorizar e apostar nas pessoas que vivem nesta região, pois as fragilidades e consequências provocadas pela pandemia são sem dúvida devastadoras, tal como aconteceu na pandemia da peste negra.
Isto implica um olhar cirúrgico projetado para o futuro no âmbito da prevenção.
Nesse sentido, a Psicologia Positiva, na intervenção em Psicologia Clínica e da Saúde é relevante tanto ao nível da prevenção de patologias, como ao nível do tratamento das mesmas.
Ao nível individual, a Psicologia Positiva valoriza e incide no potencial humano.
Permite ainda realizar um diagnóstico precoce na população e poderá a longo prazo obter melhores resultados e menores prejuízos, sobretudo na conjuntura atual em tempos pandémicos.
Trabalhar na prevenção é desenvolver robustos recursos internos e certamente terão inevitavelmente impacto em tempo, custos e qualidade, logo estruturamos um melhor futuro.
Vamos juntar estas duas abordagens e trabalhar.
O Algarve tal como a saúde mental, não pode esperar, é hora de atuar.