O farmacêutico é o especialista do medicamento, nas suas diversas vertentes. Uma destas vertentes é o contacto direto com o doente quando este se dirige à farmácia comunitária. Neste contexto, o farmacêutico comunitário desempenha um papel fundamental no que toca à transmissão de informação fidedigna que seja capaz de esclarecer as dúvidas do utente, assim como contribuir para a sua educação, desenvolvendo, cada vez mais, a vertente sustentável na farmácia.
A sustentabilidade pode ser definida por várias vertentes, sendo duas destas a vertente da responsabilidade social e ambiental. A realidade da sustentabilidade no mundo farmacêutico é cada vez maior e a sua importância é igualmente crescente. Todos os dias, o farmacêutico comunitário depara-se com circunstâncias desafiantes que colocam à prova as suas capacidades comunicativas e de sensibilização, quer no que diz respeito à forma como educa o doente para o uso adequado do medicamento, quer como esse uso consegue ter repercussões ambientais.
Uma das valências mais valiosas do farmacêutico comunitário é a comunicação. Quando falamos do utente, falamos da heterogeneidade de pessoas que passam pela farmácia todos os dias com questões, dúvidas e receitas prescritas, e que, no final de contas, são todas diferentes. Assim, o farmacêutico comunitário tem uma responsabilidade acrescida de garantir que toda a informação que é necessário passar deve ser feita de forma adaptada às necessidades dos seus doentes.
E se, do ponto de vista social, pensarmos no utente surdo, por exemplo? As barreiras de comunicação são ainda um problema nas farmácias portuguesas, porque impedem que haja uma cedência clara da informação, que, posteriormente, se reflete numa adesão à terapêutica mais reduzida ou no uso indevido do medicamento. É importante transmitirmos a informação correta ao utente, de forma a esclarecer as suas dúvidas, mas é absolutamente fundamental identificarmos as suas necessidades e consciencializarmos aqueles que trabalham connosco. Para além da sua formação académica, é crucial que o farmacêutico tenha uma capacidade de versatilidade tal que lhe permita adaptar a sua comunicação de acordo com o utente surdo e, assim, garantir que este enfrenta menores adversidades.
Do ponto de vista ambiental, e ainda que muito subentendido, o farmacêutico comunitário tem um papel preponderante na forma como o utente utiliza os medicamentos e o que faz quando deixa de necessitar destes. A sustentabilidade permite ao farmacêutico tornar-se mais consciencializado para a proteção ambiental, através da educação do utente, assim como mais socialmente responsável. A adaptabilidade da comunicação e a forma como é capaz de educar o utente é algo que melhora significativamente a qualidade das suas funções e contribui, cada vez mais, para a igualdade dos utentes que passam pela farmácia e para o impacto da proteção ambiental no mundo farmacêutico.
Desta forma, a construção do farmacêutico mais informado e apto a lidar com situações do dia a dia, que colocam à prova a sua capacidade diferenciadora de comunicar com os diferentes utentes e manifestam a necessidade de contribuir cada vez mais para a gestão dos resíduos farmacêuticos, torna-o num Profissional de Saúde multidisciplinar, consciencializado e mais sustentável.
Margarida Fazendeiro
(Membro do Departamento de Inovação e Científico da LisbonPH)
Fontes:
https://www.pharmacytimes.com/view/how-pharmacists-can-better-assist-deaf-patients
https://pharmaceutical-journal.com/article/opinion/should-pharmacists-learn-british-sign-language
http://www.valormed.pt/paginas/13/spanfarmacia-comunitariaspan-e-span-lvmnsrm
Sobre a LisbonPH:
A LisbonPH é uma associação sem fins lucrativos, fundada por um grupo de jovens empreendedores e dinâmicos, cuja área de expertise se baseia na formação do Profissional de Saúde, através da realização de cursos e-Learning, eventos e serviços de consultoria. Atualmente, já impactámos 14 SDGs devido, especialmente, ao nosso programa PH+, que tem como pilares as Causas Solidárias, a Responsabilidade Ambiental e a Educação para a Saúde. A LisbonPH é a única Júnior Empresa portuguesa na área da Saúde e, em 2019 e 2020, foi considerada a Júnior Empresa Mais Socialmente Responsável da Europa.
Com o objetivo de impactar quer os Profissionais de Saúde quer todos os interessados na área, devido ao nosso sentimento de Responsabilidade Social, a LisbonPH decidiu lançar dois cursos e-Learning. O curso e-Learning “Língua Gestual Portuguesa: Dar Voz ao Utente”, onde o valor associado à inscrição irá ser utilizado para apoiar uma causa solidária, e o curso e-Learning “VALORMED: O Modelo de Gestão de Resíduos da Fileira do Medicamento”, que é um curso gratuito e que permite a que toda a comunidade se informe sobre o que fazer com todos os resíduos associados ao Medicamento. Ambos os cursos e-Learning são creditados pela Ordem dos Farmacêuticos.