O novo sistema foi apresentado esta segunda-feira no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia, que decorre em Barcelona, Espanha: uma aplicação que deteta casos positivos de covid-19 através da voz das pessoas.
A ferramenta utiliza a inteligência artificial para detetar as alterações que ocorrem na voz de indivíduos infetados com coronavírus com “alta precisão”, segundo os especialistas – uma vez que o vírus afeta o sistema respiratório e as cordas vocais e as alterações na voz de um indivíduo são, desde logo, um indicativo de se poder estar perante um caso positivo.
Aos utilizadores apenas são pedidas algumas informações básicas, como o histórico de saúde, se é ou não fumador ou que grave alguns sons respiratórios, como o ato de tossir ou ler um pequeno texto.
“Os nossos resultados sugerem que uma simples gravação de voz ou algoritmos de inteligência artificial possam ser altamente precisos a determinar se os pacientes estão ou não infetados com covid-19”, conta Wafaa Aljbawi, investigador do Instituto de Ciência de Dados da Universidade de Maastricht, nos Países Baixos, citado pela Sky News.
Wafaa Aljbawi sugere que o teste pode ser adotado em países menos desenvolvidos, onde os testes PCR são mais caros ou difíceis de fazer.
“Esses testes são gratuitos e de fácil interpretação. Além disso, podem ser testes virtuais remotos e seu tempo de resposta é inferior a um minuto para que possam ser usados, por exemplo, em pontos de entrada de grandes aglomerações para garantir uma deteção rápida“, afirma o investigador.
A aplicação é facilmente instalada num telemóvel e, depois de seguidas as instruções, promete fornecer os resultados em menos de um minuto.
O processo de criação da nova aplicação
Os especialistas investigaram se era possível usar a inteligência artificial para analisar vozes e detetar infeções. Para isso, utilizaram a aplicação Covid-19 Sounds, criada pela Universidade de Cambridge, para estudar os sintomas do coronavírus através de um banco de dados com 893 amostras de áudio de 4.352 participantes saudáveis e não saudáveis. 308 deram positivo para covid-19.
Através da técnica de análise de voz, que identifica diferentes características da voz, como volume, potência e variação, conseguiram “decompor as propriedades das vozes dos participantes”.
O modelo Long-Short Term Memory (LSTM), baseado em redes neurais que imitam a maneira como o cérebro humano opera, alcançou uma precisão de 89% na correta deteção de casos positivos e de 83% nos negativos.
Este modelo está também a ser estudado para que possa futuramente identificar casos de doença pulmonar obstrutiva crónica.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL