A médica, Diana Carvalho Pereira, responsável por denunciar alegados casos de erros e de negligência, no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, revelou esta quinta-feira, numa entrevista ao programa ‘Goucha’ na TVI que foi alvo de intimidações.
“No dia a seguir à minha queixa um dos denunciados ligou ao meu cunhado, que também trabalha no hospital de Faro, para conseguir o contato telefónico da minha mãe para lhe pedir que eu fosse alvo de um processo de internamento compulsivo porque para eu fazer a queixa não podia estar bem”, revela Diana.
A médica que se auto-suspendeu do hospital de Faro e que vai continuar o internato no Hospital de Portimão conta que o silêncio impera no hospital de Faro. “Qualquer profissional de saúde daquele hospital se precisar de recorrer à urgência do serviço de cirurgia, pergunta-nos a nós primeiro ‘que equipa é que está de serviço hoje? Se for uma equipa que lhe agrada ele vai à urgência. Se não for, vai ao privado ou aguarda pelo dia em que está a equipa que conhece”.
Sobre o mencionado cirurgião e orientador, a médica refere que já tinha ouvido muitas histórias da sua conduta, assim como todo o hospital, “o problema é este. É ser uma situação tão conhecida para todos os profissionais daquele hospital, inclusivamente para muitos doentes que já apresentaram queixa interna e que a única resposta que obteram foi um pedido de desculpas por e-mail. A verdade é que impera o silêncio porque as pessoas têm medo”.
Diana sabe que ‘comprou uma guerra’ mas diz preferir dormir bem à noite, “eu não estava a ser formada, eu estava a ser traumatizada. Se eu me tivesse despedido e ido embora, eu estava a ser cúmplice daqueles três meses em que participei nas cirurgias, vi os erros, e nada fiz. As pessoas têm medo de denunciar porque internamente o ‘feitiço vira-se contra nós’. O meu caso é diferente porque eu percebi isto e fiz queixa na PJ. Toda a gente me disse que as queixas internas naquele hospital e em geral, nos hospitais, não dão em nada”, finaliza.