A Bastonária das Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, desmentiu esta noite a enfermeira diretora do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), Mariana Santos. Em causa está a sobrecarga de trabalho e a exaustão do número de enfermeiros do serviço de urgência do Hospital de Faro que pediram escusa de responsabilidade.
Segundo disse à SIC Notícias e à TSF Mariana Santos, “foram pelo menos 30 os enfermeiros” que assinaram uma carta na qual não se responsabilizam pelo que poderá acontecer aos pacientes que derem entrada no serviço da urgência do hospital de Faro. O número é avançado pela administração do hospital. Mas, uma horas depois da afirmação oficial do CHUA à TSF, Ana Rita Cavaco desmente o número nas redes sociais e diz que foram 65 dos 72 enfermeiros a subscreverem a carta.
“Enviaram tudo como manda o ‘figurino’ para o conselho de administração deste hospital. Faltam muitos enfermeiros neste Serviço de Urgências de Faro”, diz a Bastonária que refuta: “Não, a culpa não é da exaustão da pandemia, é de não termos colegas suficientes para cuidar da vida de todos os que lá vão em busca de cuidados de saúde”.
Ana Rita Cavaco salienta que “estes 65 enfermeiros deram conta disto tudo ao Conselho de Administração do hospital de Faro, nomeadamente à ‘Sra. Enfermeira Directora. Que fez esta Senhora?’ Qualquer pessoa normal deduz que contratou mais Enfermeiros certo? Não, errado”, ironiza.
“Reuniu com os enfermeiros e ameaçou-os indecentemente. Ainda disse que não os respeitava porque faltaram ao respeito à hierarquia por terem exposto os problemas e dito a verdade. Nomeadamente ameaçou trocar todos os chefes de equipa”, acusa a Bastonária.
Segundo assegurou a diretora do CHUA, “nós temos condições de segurança garantidas para o atendimento dos nossos utentes. Os enfermeiros dão apenas um alerta de que a probabilidade de erro pode acontecer atendendo à exaustão dele”, explica à SIC.
Este alerta feita pelos enfermeiros vem também justificar um possível aumento dos tempos de espera, uma vez que os profissionais “precisam de mais tempo para responder”, devido ao cansaço acumulado.
“Obviamente que os tempos de espera também estão a aumentar porque leva-se mais tempo a dar a resposta que é necessária, mas sempre garantindo a segurança”, sublinha a enfermeira diretora.
O CHUA denuncia a falta de enfermeiros e afirma que têm estado a tentar contratar profissionais para reforçar as equipas e responder às necessidades. No entanto, a tarefa não tem tido sucesso: “infelizmente não temos enfermeiros no país no desemprego – ou melhor, não temos disponíveis para trabalhar – e, como tal, nós temos estado empenhados nessa procura”.
À TSF, Mariana Santos, enfermeira diretora do CHUA, admite que é um sinal “assustador, mas obviamente todos os utentes irão ter o seu atendimento de acordo com as suas necessidades”.