Um empresário cumpriu esta sexta-feira a promessa de uma caminhada a pé ao Santuário de Fátima, após ter sobrevivido a um cancro, levando consigo o objetivo de angariar fundos para a casa de acolhimento da Associação Portuguesa Contra a Leucemia.
Ricardo Martins, 47 anos, falou com a Lusa quando faltavam ainda 20 quilómetros para chegar ao Santuário de Fátima. Natural de Angola e residente em Lagos há 20 anos, quis cumprir a promessa feita por ter recuperado de uma leucemia das células pilosas, um tipo raro de cancro.
“Em 2004, fui o primeiro português a realizar um tratamento inovador em Portugal. Era algo que só se fazia em Houston [Estados Unidos] ou no Japão. Prometi acender uma vela todos os anos em Fátima. No ano passado queria fazer a caminhada a pé, o que não aconteceu por causa da pandemia”, explicou.
Quando realizava os seus tratamentos, o sobrevivente apercebeu-se das dificuldades que enfrentam as pessoas com “menos poder económico” para acompanhar os seus filhos nos tratamentos.
“Há pessoas a dormir em carros no estacionamento. Entendi que deveria fazer algo para ajudar. Procurei um projeto e vi que a Associação Portuguesa Contra a Leucemia estava a construir a casa de acolhimento ‘Porto Seguro’. Propus-me a ajudar comunicando o máximo que pudesse esse projeto social para que no final da caminhada fossem obtidos os 100 mil euros necessários”, revelou.
No dia 14 de maio, Ricardo Martins, partiu de Lagos rumo a Fátima, onde chegará hoje com quase cinco mil euros angariados.
“A minha caminhada acabará aqui, mas a caminhada para angariar fundos vai continuar para que a casa ‘Porto Seguro’ possa ficar pronta até ao final do ano. Já visitei o espaço, mas é necessário equipar tudo”, assumiu o empresário na área da náutica de recreios.
Ricardo Martins descobriu que tinha cancro aos 31 anos. O tratamento pioneiro que realizou em Portimão obedeceu a uma autorização do Ministério da Saúde. “Fui um felizardo. Tinha uma equipa médica ao meu dispor”, recordou, ao referir que o Estado suportou os custos elevados do tratamento, que terá custado mais de 250 mil euros.
A campanha de angariação de fundos está a decorrer na plataforma ‘Go Fund Me’. As contribuições podem também ser enviadas para o IBAN e MB Way que se encontram na página da Associação Portuguesa Contra a Leucemia.