Dois cirurgiões do hospital de Faro foram suspensos preventivamente por seis meses, na sequência das denúncias de más práticas feitas em abril pela médica interna, Diana Pereira, confirmou, esta quarta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM).
Os dois médicos “estão suspensos por um prazo de seis meses. É uma suspensão preventiva dado haver fortes indícios de má prática”, adiantou Carlos Cortes à agência Lusa.
Segundo o bastonário, esta suspensão preventiva que é pública através de um edital do presidente do Conselho Disciplinar da Região Sul da OM, abrange o diretor do serviço e um outro cirurgião do hospital algarvio.
Queixa efetuada pela médica Diana Pereira
Em causa está uma queixa efetuada em abril pela médica interna, Diana Pereira, na Polícia Judiciária e divulgada na sua conta na rede social Twitter. A publicação versou sobre “11 casos ocorridos entre janeiro e março” no hospital de Faro de “erro/negligência” no serviço de cirurgia.
De acordo com Diana Pereira, dos 11 casos que reportou, três doentes morreram, dois encontravam-se na altura internados nos cuidados intermédios. Os restantes tiveram lesões corporais associadas aos alegados erros médicos.
Carlos Cortes adiantou ainda o motivo pelo qual se suspenderam os dois cirurgiões “obviamente, por segurança dos doentes”. É também para permitir que o conselho disciplinar continue a desenvolver as diligências internas de análise dos vários casos que, na altura, foram denunciados.
Criação de uma comissão independente
Paralelamente, a OM criou uma comissão independente, composta por cinco cirurgiões. Essa comissão está “a analisar de uma forma mais aprofundada, do ponto de vista técnico-científico, todos estes casos”, referiu também o bastonário.
“Assim que tiverem toda esta informação compilada, irão remetê-la ao conselho disciplinar para, com mais propriedade, poder avaliar e, se for caso disso, aplicar as devidas sanções”, explicou.
Carlos Cortes “felicitou o excelente trabalho desenvolvido” pelo Conselho Disciplinar da Região Sul. Cortes considera que demonstrou “um grande rigor e uma celeridade que é inédita” nessas situações.
“O conselho disciplinar, de forma autónoma e independente, vai continuar, julgo eu, a analisar estes processos e depois haverá de dar mais indicações sobre as conclusões deste mesmo processo”, disse.
Na altura em que foram feitas as denúncias, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e a Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciaram que iriam investigar a alegada negligência no serviço de cirurgia do hospital de Faro para “cabal esclarecimento” da situação.
Estas denúncias levaram também o Ministério Público a instaurar um inquérito, que decorre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Faro.