Os distúrbios alimentares integram um conjunto de doenças com diferentes origens psicológicas, emocionais e sociofamiliares. Ocupam já o espaço mediático, trata-se de um leque de patologias que se manifestam por alterações significativas nos hábitos alimentares e na imagem corporal percecionada pelo paciente. Pode dar-se o caso, por exemplo, de pessoas considerarem-se muito gordas, independentemente do peso que apresentam. Os mais afetados são os jovens de ambos os sexos, e não se pense que sejam patologias exclusivas do sexo feminino (estima-se que 20% dos doentes sejam do sexo masculino).
Devem-se a uma gama de fatores interrelacionados. Destacam-se três: os biológicos – admite-se que haja genes que tornam certas pessoas mais vulneráveis ao desenvolvimento de distúrbios alimentares; psicológicos e emocionais – comprovadamente todos os indivíduos com estes distúrbios revelam manifestações de baixa autoestima, comportamento impulsivo, relacionamento conturbado, quadros depressivos; socioambientais – os jovens são profundamente ambientados pelo sistema cultural da sociedade de consumo onde se incita ao corpo estilizado, se promove o body-building, qualquer excesso de peso passa a ser um quebra-cabeças, elemento de discriminação… Sabe-se hoje que cada distúrbio alimentar tem os seus sintomas e sinais de alerta caraterísticos. De um modo geral, estes pacientes manifestam-se por sinais de isolamento, baixa autoconfiança e elevados níveis de ansiedade ou de stress. Há cura para todos estes distúrbios desde que o paciente ganhe consciência de que está doente, esteja sensível a que provoca sofrimento a si próprio e naturalmente aos seus entes queridos, e dote-se de força de vontade para pedir ajuda e mudar comportamentos e atitudes.
Quais são os principais distúrbios alimentares? Salientam-se sete patologias: anorexia (restrição alimentar); bulimia (comer compulsivamente e, em seguida, vomitar); distúrbio alimentar não específico (é assumido como uma pré anorexia e/ou bulimia); overeating (comer compulsivamente, sem tréguas); ortorexia (pensa-se constantemente em comida saudável, e trava-se uma batalha fundamentalista com tudo o que se come); e a vigorexia (o paciente recorre ao exercício compulsivo para atingir o peso que considera ideal, anda sempre insatisfeito com o peso que tem). A anorexia é incontestavelmente o distúrbio alimentar mais grave, pode até colocar em risco a própria vida. O paciente fala constantemente no peso, na comida, nas calorias, recorrendo a manhas e habilidades para simular à mesa que comeu uma refeição adequada quando na realidade não o fez. Um dos sinais de alerta é quando o doente começa a evitar os amigos habituais e as atividades em conjunto.
E qual a importância do diagnóstico e do tratamento? O diagnóstico precoce pode ser determinante para evitar sofrimento ao paciente e à sua família. O tratamento destes distúrbios envolve quase sempre um plano multidisciplinar e abrangente com assistência médica, terapia psicossocial, aconselhamento nutricional e em muitos casos uma terapêutica medicamentosa. O tratamento visa a que se retome, de forma gradual e progressiva, os comportamentos alimentares normais, bem como a recuperação do peso corporal aconselhável. Para além da psicoterapia individual, a terapia com a família também é importante, pois a família e os amigos são essenciais no quadro do tratamento. Havendo diagnóstico segue-se o tratamento, onde se procura abordar todos os aspetos do tratamento: os sintomas depressivos e ansiosos, as crenças inadequadas ou desajustadas acerca de grupos alimentares e sobre o modo como o indivíduo se perceciona.
Aos pacientes e familiares recomenda-se que não hesitem, quando há manifestações, para recorrer ao diagnóstico precoce.