No ano em que os portugueses se preparam para celebrar um Natal e Ano Novo em maior normalidade – e numa espécie de desforra face ao deserto de 2020, em que os festejos ficaram proibidos devido à situação crítica da pandemia -, adensa-se o suspense sobre o que António Costa pode vir a anunciar esta quinta-feira em matéria de restrições.
O sector do turismo foi ouvido pelo Governo neste processo, defendendo a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) que no período de festas em 2021 deve continuar a haver medidas de prevenção a nível sanitário, nomeadamente uso de máscara “sempre que possível” ou distanciamento social, a par de um “reforço maciço da vacinação” e da “monitorização constante e reforçada dos dados de evolução da pandemia” – mas defende isto e não mais que isto.
Restrições mais específicas não estiveram à mesa nas conversas entre a confederação e o Governo e nesta fase a CTP diz não ver “como necessárias outras medidas complementares”.
RESTAURANTES PEDEM CUIDADO COM MEDIDAS “CATASTRÓFICAS”
Apesar de não ter sido ouvida especificamente nesta fase a propósito de eventuais restrições, a Associação Nacional de Restaurantes (ProVar) avança já ter transmitido a sua posição em conversas regulares que mantém com o Governo.
“Não queremos ouvir falar de qualquer tipo de restrição, não aceitamos limite de horário ou de lugares, seria catastrófico nesta fase em que já há muitas marcações de jantares de Natal e de empresas”, salienta Daniel Serra, presidente da ProVar. “Se o Governo avançar com restrições deste tipo será uma machadada muito grave para a restauração.”
Atendendo ao número crescente de casos de covid, a ProVar “não se opõe à possibilidade de virem a ser exigidos certificados válidos para a frequência nos restaurantes, mas recusa que este controlo seja feito à entrada dos mesmos”. Segundo o presidente da associação, “é o cliente que tem a responsabilidade de ter o certificado em ordem”, não cabendo aos restaurantes o ónus da fiscalização.
Segundo a associação de restaurantes, nas habituais conversas que mantém com o Governo nada foi revelado relativamente à possibilidade de vir a haver restrições no Natal ou no Ano Novo. Mas “antecipando medidas que possam ser anunciadas pelo Governo”, a ProVar criou um novo selo para o sector, o “Restauração Segura”, “que pretende, a par do selo ‘Clean & Safe’, garantir um maior envolvimento dos clientes no cumprimento das regras”.
Os restaurantes aderentes e que ostentarem o dístico “Restauração Segura” comprometem-se “ao cumprimento total das regras perante os clientes”. Segundo a ProVar, este caminho de autorresponsabilização dos clientes e dos restaurantes é preferível a impor restrições.
HÁ HOTÉIS JÁ ESGOTADOS PARA O ‘REVÉILLON’ E COM RESERVAS EM ALTA PARA CEIAS DE NATAL
As medidas a anunciar pelo Governo também são aguardadas com expectativa nos hotéis, que de momento estão com as reservas em alta para as ceias de Natal e a noite da passagem do ano.
“Os programas de Natal têm vindo a crescer muito nos nossos hotéis. Cada vez há mais pessoas em Portugal a passar o Natal com a família em hotéis para não terem o trabalho todo com as ceias e estarem a conviver num ambiente agradável, onde até têm mais distanciamento”, faz notar Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé.
Dos 27 hotéis que a Vila Galé tem de norte a sul, 16 têm programas para a noite da passagem do ano (‘revéillon’, e já estão de momento com a capacidade esgotada.
“Com maior ou menor agravamento da pandemia, as pessoas têm de voltar à vida e a economia não pode fechar”, sustenta Jorge Rebelo de Almeida. “O vírus não vai desaparecer, vamos ter de conviver com ele, embora com cautelas.”
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL