O secretário-geral do PCP apelou hoje a um avanço na vacinação contra a covid-19, ao reforço dos profissionais de saúde e à proteção dos trabalhadores para que se possa abrir o mais rapidamente e em segurança as atividades encerradas.
“[É necessário] avançar com a vacinação, aumentar o rastreio e a testagem de contactos, e reforçar os profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, proteger os trabalhadores que continuam a trabalhar e avançar com medidas que permitam abrir o mais rapidamente possível e em condições de segurança sanitárias as atividades que foram encerradas”, enumerou Jerónimo de Sousa, em Faro.
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) realçou que o prolongamento da situação atual é “insustentável” e que a prioridade “no imediato”, no combate à covid-19, é “criar condições para que o descontrolo da sua propagação não se repita no futuro”.
“Percebemos o quão importante é defender o Serviço Nacional de Saúde, investir os recursos públicos, incluindo o reforço dos cuidados de saúde primários e não no financiamento dos hospitais privados”, afirmou.
O dirigente comunista falava numa “audição pública” organizada pelo partido esta manhã no parque na Pontinha, que procurou ouvir testemunhos dos impactos da pandemia no Algarve e apontar as respostas que fazem falta.
Jerónimo de Sousa defendeu também o apoio a “100% a quem está em casa em assistência aos filhos”, sendo necessário, no seu entender, garantir que os pais podem acompanhar as crianças sem “cortes no rendimento por causa disso”.
Atribuir um apoio real para as pequenas e médias empresas (PME), eliminando os condicionalismos prévios no acesso às verbas da “tão cantada bazuca”, foi outro ponto destacado pelo PCP, de forma a evitar que as verbas “sejam sugadas pelo negócios do grande capital económico e financeiro”.
Para os comunistas, é também tempo de apostar na produção nacional, “particularmente em setores estratégicos como a carne e os pescados”, mas também nos “medicamentos, meios de transporte e produção de energia”, tendo em conta a necessidade de “reindustrializar, diversificando regionalmente”.
Numa sessão onde se ouviram testemunhos de profissionais de várias áreas, foram destacadas as iniciativas como o ‘lay-off’ com pagamento total do rendimento do trabalhador – uma “iniciativa do PCP” – ou o impacto da pandemia no associativismo e “na participação da população em atividades cívicas”.
António Vairinhos, trabalhador do Aeroporto de Faro, denunciou despedimentos “a frio” em empresas que laboram na infraestrutura algarvia, assim como o “‘lay-off’ forçado” ou a “ameaça de despedimento coletivo” caso o trabalhador não aceite a rescisão amigável.
Uma trabalhadora de uma unidade hoteleira em Loulé revelou o aumento de problemas laborais com a pandemia, nomeadamente o “não-aumento de salários” que “dura há 10 anos”, e o “corte no subsídio de alimentação”.
Nádia Guimarães denunciou a necessidade da intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para repor a legalidade de trabalhadores hoteleiros, que “foram forçados a realizar todo o tipo de funções para os quais não estão aptos”.
Luis Fagundes, proprietário de uma livraria em Lagos, solicitou a “prorrogação das moratórias” para as empresas e apelou por mais apoios à tesouraria das pequenas e médias empresas, que constituem “90% do tecido empresarial português e que, sublinhou, “de outra forma não resistirão a esta pandemia”.