Às 14:15, o ‘ferry’ “Campino”, da Empresa de Transportes do Guadiana, atracou em Vila Real de Santo António, distrito de Faro, proveniente de Ayamonte, mas a bordo apenas estavam os três tripulantes da embarcação, que aguardam por uma decisão superior sobre o que fazer para o futuro, depois de os Governos da União Europeia terem acordado impor controlos fronteiriços no espaço Schengen.
“Não sei por que razão ainda continuamos a fazer a travessia”, disse um dos tripulantes da embarcação, que pediu para não ser identificado, ao ser questionado pela Lusa sobre se a operação da travessia se mantinha nos mesmos moldes de sempre.
Às 14:30, a mesma embarcação rumou pelo rio Guadiana em direção à localidade de Ayamonte, na província Andaluz de Huelva, mas desta vez apenas com um casal a bordo, embora sem nenhum dos elementos querer prestar declarações à Lusa.
Este cenário contrasta com a habitual afluência de turistas que fazem normalmente a travessia entre as duas margens, numa viagem de cerca de 15 minutos através da foz do rio Guadiana, que perdeu importância a partir do início da década de 1990, quando abriu a travessia rodoviária entre o Algarve e Andaluzia pela Ponte Internacional do Guadiana.
A agência Lusa questionou a Empresa de Transportes do Guadiana sobre a continuidade ou não da travessia após a decisão anunciada hoje pelo Governo de impor controlos fronteiriços com Espanha e o gerente, Francisco Santos, respondeu que aguarda por mais instruções da capitania do porto de Vila Real de Santo António.
“Esta manhã falámos com a capitania, mas não nos foi dada qualquer instrução para suspender carreiras ou horários. Estamos à espera de que nos indiquem quais são os passos a adotar, mas até agora tudo se mantém como antes. Vamos ver se esta tarde já há mais alguma informação”, disse ainda Francisco Santos.
Questionado sobre a eventualidade de a travessia de ‘ferry’ entre Ayamonte e Vila Real de Santo António vir a ser suspensa, a mesma fonte disse acreditar mais no cenário de haver “uma redução de horários”, porque há pessoas que trabalham do outro lado da fronteira e podem ter necessidade de transporte.
O Governo anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.
“Portugal e Espanha estão a concluir as notas técnicas que permitirão ainda hoje reintroduzir os controlos de fronteiras terrestres, estabelecendo exclusivamente nove pontos de passagem”, disse o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, avançando que “todas as outras passagens vão ser absolutamente interditadas”.
Em conferência de imprensa em Lisboa, Eduardo Cabrita sublinhou que nos nove pontos de passagem terrestre vão ser estabelecidos mecanismos que limitam essa passagem “exclusivamente a mercadorias e a trabalhadores que tenham por razões profissionais que se deslocar a Espanha”.
O ministro disse que nestes casos vai ser feito, em articulação com as autoridades espanholas, o controlo sanitário.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
Em Portugal, 331 pessoas foram infetadas até hoje, mas sem registo de mortes, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.