O primeiro-ministro apelou hoje aos autarcas para que reservem a criação de novos espaços de vacinação contra a covid-19 para quando existir quantidade de vacinas suficiente, reforçando que o problema é a capacidade de produção da indústria farmacêutica.
“Reservem essa energia para os trimestres seguintes, onde disporemos da quantidade de vacinas que poderá exigir, efetivamente, a mobilização de outros espaços que não os espaços atualmente definidos no âmbito dos agrupamentos dos cuidados de saúde”, disse o líder do executivo, António Costa.
O apelo aos autarcas foi dirigido por António Costa na conferência de imprensa realizada após a reunião do Conselho de Ministros sobre a renovação do estado de emergência até 01 de março, para combater a pandemia da covid-19.
O primeiro-ministro salientou que os autarcas se têm estado a mobilizar, “com grande generosidade, empenho e sentido de serviço”, para criarem novos espaços de vacinação contra a covid-19.
Contudo, acrescentou, “neste momento, esses espaços ainda não são necessários e continuarão a não ser enquanto a indústria não produzir a quantidade de vacinas suficiente, não entregar a quantidade de vacinas suficiente da União Europeia e nós [Portugal] não recebermos a quantidade devidamente contratada para a vacinação”.
António Costa disse que há “uma redução muito significativa” do número de vacinas que Portugal vai dispor neste primeiro trimestre relativamente ao que tinha sido inicialmente contrato pela União Europeia.
“No nosso caso, em vez dos 4,4 milhões de doses, nós vamos receber neste primeiro trimestre 1,98 milhões de doses, o que significa que a nossa capacidade de vacinação neste primeiro trimestre vai ser cerca de metade daquilo que estava previsto nos contratos assinados entre as farmacêuticas e a Comissão Europeia”, indicou o primeiro-ministro.
O governante afirmou que “não há nenhum atraso nacional, há um atraso na origem”, reforçando que o problema não está na distribuição nem na falta de recursos humanos para administrar a vacina, estando sim “fora de Portugal”.
No arranque de uma nova fase da vacinação contra a covid-19, que se iniciou na semana passada, dirigida a pessoas com 80 ou mais anos e com mais de 50 anos com doenças associadas, vários municípios do país articularam com os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) a escolha de espaços para a administração das vacinas.
No ACES Lezíria, que abrange nove concelhos do distrito de Santarém, o presidente daquela entidade, Carlos Ferreira, adiantou que “a logística já está toda preparada” e que os pontos de vacinação municipais já estão identificados, faltando apenas uma data para o início do processo.
No distrito de Lisboa, o município de Sintra vai dispor de cinco polos de vacinação contra a covid-19, estimando nesta fase vacinar cerca de 15 mil utentes, e a Câmara Municipal da Amadora escolheu o pavilhão Rita Borralho (EB 2,3 Cardoso Lopes) como centro de vacinação para inocular cerca de 11 mil pessoas.
A Câmara Municipal de Lisboa vai ter sete centros de vacinação adicionais contra a covid-19, um dos quais no Altice Arena, para apoiar a administração de vacinas aos idosos com mais de 80 anos e aos doentes crónicos com mais de 50 anos, processo que se iniciou na segunda-feira e irá abranger “cerca de 70 mil pessoas”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.355.410 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14.885 pessoas dos 778.369 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.