O receio de contrair doenças ou infeções ao usar sanitas públicas é uma preocupação que muitas pessoas partilham. No entanto, será que esses medos são fundamentados ou apenas mitos infundados? Vamos analisar, com apoio do Viral, os riscos reais associados ao uso de casas de banho públicas.
Risco de contrair doenças urinárias ao usar sanitas públicas
Muitos evitam sentar-se em sanitas públicas, temendo o desenvolvimento de infeções urinárias. Contudo, o risco de contrair uma infeção urinária ao utilizar uma sanita pública é, de acordo com Tiago Antunes Lopes, urologista no Centro Hospitalar de São João e professor auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em conversa com o Viral, “muito diminuto”.
As infeções urinárias não são transmitidas de pessoa para pessoa, mas resultam do aumento bacteriano no trato urinário. A probabilidade de contaminação dos órgãos urinários ou genitais ao sentar-se na sanita é altamente improvável, uma vez que apenas a pele das coxas entra em contacto com a superfície.
O professor afirma que a pele atua como uma barreira eficaz. Problemas de pele relacionados com microrganismos não estão restritos a casas de banho públicas, uma vez que superfícies comuns em locais frequentados por muitas pessoas também podem conter germes associados a infeções.
O risco de desenvolver infeções urinárias é mais preocupante em mulheres devido à sua anatomia, e o ato de urinar corretamente é mais importante do que evitar sentar-se nas sanitas.
Risco de contrair infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) ao usar sanitas públicas
O receio de contrair ISTs ou infeções genitais ao sentar-se em sanitas públicas também é infundado. Segundo Alexandra Matias, assistente graduada no departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São João e professora catedrática na FMUP, em declarações para a mesma fonte, é “altamente improvável” contrair uma IST ao sentar-se numa sanita pública.
Para existir um “risco remoto de infeção”, seria necessário que houvesse uma ferida na zona genital em contacto direto com a superfície da sanita, o que é uma situação extremamente improvável durante a utilização adequada da sanita.
Utilizar papel higiénico como barreira
Para combater o receio de utilizar sanitas públicas, algumas pessoas optam por cobrir o assento com papel higiénico. No entanto, este método funciona mais a nível psicológico, ajudando a superar o desconforto de utilizar uma superfície previamente usada por outras pessoas.
O urologista Tiago Antunes Lopes sublinha que o papel higiénico pode servir como uma barreira para evitar o contacto com vestígios de urina. Contudo, a sua utilização é, em grande parte, motivada por razões emocionais, ajudando as pessoas a superar a aversão associada ao uso de sanitas públicas.
A ginecologista Alexandra Matias acrescenta que o papel higiénico é poroso e não impermeável, tornando-o menos eficaz como barreira. Assim, ela sugere o uso de toalhitas higienizantes, que contêm uma solução antissética, como uma alternativa mais eficaz e higiénica.
Cuidados ao utilizar sanitas públicas
O real risco ao usar sanitas públicas não está em sentar-se, mas sim quando puxa o autoclismo. Neste momento, é possível que aerossóis contendo microrganismos potencialmente patogénicos sejam pulverizados até três metros e permaneçam no ar entre 35 e 70 segundos após a descarga. Para evitar essa propagação, é recomendável fechar a tampa antes de puxar o autoclismo.
Além disso, a má ventilação nas casas de banho públicas pode levar ao aumento de microrganismos no espaço. Um estudo publicado em 2021 identificou bactérias nas superfícies próximas das sanitas públicas.
Portanto, a higienização adequada das mãos, seja após usar a casa de banho ou tocar em superfícies frequentadas por muitas pessoas, é crucial para prevenir infeções. Lavar as mãos com sabonete durante 20 segundos e secá-las com toalhetes de papel ou de pano pode reduzir o risco de contaminação por bactérias, fungos e vírus.
Os riscos de contrair doenças ou infeções ao utilizar sanitas públicas são, na maioria dos casos, extremamente baixos.
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