A variante delta de covid-19 tornou mais difícil prever a evolução da pandemia devido à redução gradual da imunidade providenciada pelas vacinas, afirmou esta segunda-feira o cientista britânico Neil Ferguson.
“É mais difícil prever a epidemia agora do que no início devido ao nível de imunidade na população”, admitiu, num seminário organizado pelo Institute for Government, um centro de estudos sobre políticas e a administração públicas.
Ferguson, um dos cientistas mais influentes que aconselham o Governo britânico, disse que “a maioria dos epidemiologistas espera que o número de casos aumente, mas não sabe quando se chegará ao pico”.
“Existe uma grande incerteza sobre os níveis de imunidade [porque] a eficácia das vacinas foi ligeiramente comprometida pela variante delta”, explicou.
Ferguson vincou que duas doses das vacinas contra a covid-19 oferecem um grau elevado de proteção contra a hospitalização e morte, mas a elevada transmissibilidade da variante delta agravou o problema da redução da imunidade garantida pelas vacinas.
“Existem cada vez mais dados que mostram que a eficácia da vacina desaparece ao longo do tempo, mesmo sem a [variante delta]. Isso já era esperado”, admitiu o cientista da universidade Imperial College London.
A evolução da pandemia também vai depender do comportamento das pessoas e taxas de contacto social, referiu, mencionando o aumento exponencial de casos no final de junho e início de julho no Reino Unido relacionados com o Euro2020 e o desempenho da seleção inglesa, finalista derrotada pela Itália.
O Reino Unido registou 68 mortes e 37.011 novos casos no domingo, tendo até agora acumulado 133.229 óbitos desde março de 2020.
Até domingo, quase 90% da população com mais de 16 anos foi vacinada com uma dose e 80% recebeu as duas doses.
A covid-19 provocou pelo menos 4.565.622 mortes em todo o mundo, entre mais de 220,65 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.798 pessoas e foram contabilizados 1.047.047 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.