O índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 em Portugal é de 1,22. A nível de distribuição geográfica, o Algarve é atualmente a região do país com o maior índice: 1,29.
O Norte é a região que tem o índice de transmissibilidade mais baixo, com 1,18, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (1,23), Madeira (1,24), Centro (1,25), Alentejo e Açores (1,27).
Numa apresentação, no âmbito da reunião que junta hoje no Infarmed políticos e especialistas em saúde pública, sobre a evolução da incidência e da transmissibilidade do vírus no país ao longo das últimas semanas, na qual se verificou um agravamento acentuado da pandemia de covid-19, o epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Ricardo Jorge (INSA), avisou para as consequências de não se tomarem de imediato medidas para travar o ritmo de transmissão, cujo Rt nacional está atualmente em 1,22.
“Se não fizermos nada, mantendo-se o Rt atual, o número de casos e hospitalizações vai continuar a aumentar de forma exponencial. Se implementarmos essas medidas por duas semanas, o Rt volta a aproximar-se de 1. Se for por um mês, já se começa a ver uma redução em todos os cenários. Quanto maior for o confinamento, maior será a redução da transmissão”, sublinhou.
Depois de revelar que o Rt passou de 0,98 no dia 25 de dezembro para 1,2 no dia 30, Baltazar Nunes traçou então diferentes cenários de confinamento para janeiro e fevereiro, que previam a continuidade das aulas presenciais para todos os ciclos, a suspensão de atividade letiva presencial acima dos 15 anos e o encerramento total das aulas presenciais, como ocorreu em março e abril de 2020.
Segundo as estimativas da equipa coordenada pelo investigador do INSA, um confinamento com “as escolas em regime presencial é suficiente para trazer o Rt para baixo de 1”, mas a descida será superior se houver suspensão das aulas para os alunos com mais de 15 anos e ainda mais acentuada numa eventual suspensão total da atividade letiva.
Paralelamente, Baltazar Nunes analisou os efeitos das medidas de restrição aplicadas pelo Governo ao fim de semana nos últimos meses, considerando que “a incidência estava a crescer a 3% no período anterior ao confinamento ao fim de semana” e depois passou a registar-se “uma tendência de redução de 1,4% a 1,9%”, sendo essa diminuição também visível no impacto em hospitalizações.
Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.