Ver bem, para viver bem. A saúde visual tornou-se cada vez mais importante nos dias que correm, merecendo especial cuidado por parte de todos, não só pelas patologias que podem surgir (falta de vista, cataratas, glaucomas oculares e descolamentos de retina), como pelas novas tecnologias a que temos diariamente acesso e às quais dispensamos muitas horas, onde se inclui o teletrabalho. São novos os tempos que estamos a viver e, muitas vezes, a conversa presencial é trocada por uma videochamada; a ida a eventos presenciais trocada pelo direto no Facebook e os fins de semana a passar mais tempo em casa e, consequentemente, mais tempo em frente aos ecrãs.
O teletrabalho veio agravar o tempo de exposição de muitos utilizadores ao computador
Tito Rodrigues, optometrista da Fábrica dos Óculos de Olhão, explica ao POSTAL a importância de cuidar da visão, uma vez que esta representa a “qualidade de vida” de cada um. Ter falta de visão provoca dores de cabeça, fadiga ocular, sensação de areia nos olhos, entre muitos outros sintomas. O sistema nervoso pode também ser afetado, refere o profissional. “Uma pessoa que tenha dificuldade em ver ao perto (por exemplo) acaba por se enervar, uma vez que quer ler e não consegue”.
A falta de visão ao perto costuma manifestar-se a partir dos 40 anos e aos 60 anos é natural aparecerem em alguns pacientes cataratas, glaucomas oculares e descolamentos de retina. A idade agrava o risco de ter falta de visão, principalmente para pessoas na faixa dos 40, devido “à perda de elasticidade dos músculos do cristalino”. Contudo, é importante não descurar a saúde visual.
As novas tecnologias, chamadas de “luz azul”, são responsáveis pelo agravamento da falta de visão. Atualmente, estamos diante de um ecrã durante horas, seja no telemóvel, no computador e até perante a televisão. “O problema é que os dispositivos digitais fazem com que estejamos mais expostos à ‘luz azul’ do que na rua, perante o sol”, acrescenta Tito Rodrigues. É importante realçar que as tecnologias não provocam diretamente falta de visão, mas sim problemas que podem agravá-la.
Fadiga visual, sensação de olho seco, falta de lágrima e irritabilidade são alguns dos sintomas causados pela exposição excessiva aos ecrãs. “O uso desmedido das tecnologias causa ainda falta de sono e os raios azuis podem provocar precocemente cataratas”, sublinha.
As tecnologias não provocam diretamente falta de visão, mas sim problemas que podem agravá-la
O teletrabalho veio agravar o tempo de exposição de muitos utilizadores ao computador. O optometrista da Fábrica dos Óculos de Olhão, uma das mais conceituadas do Algarve, reconhece que a pandemia poderá atenuar a falta de visão de algumas pessoas e é recomendável a utilização de gotas oftálmicas e que de “20 em 20 minutos as pessoas descansem a vista e fixem os olhos noutro objeto”. O computador faz com que estejamos de olhos abertos mais tempo, sem pestanejar e perde-se aqui a lubrificação do olho.
Também o ambiente que escolhemos para trabalhar é importante e ter uma boa luz é crucial. “Deve-se ter luz ambiente, para proteção do olho e para evitar que os raios nocivos cheguem à retina”. Trabalhar no escuro não é, deste modo, aconselhável, uma vez que se está a esforçar mais a visão. Deste modo, a postura com que estamos sentados é também importante, até pelos problemas na coluna.
A covid-19 colocou milhares de trabalhadores em casa, muitos deles, que nem costumavam aceder diariamente a tecnologias. As videochamadas são cada vez mais utilizadas para reuniões, assim como a ida a eventos virtuais, que substituíram os presenciais. O facto de muitos estabelecimentos estarem fechados ou terem diminuído o seu período de funcionamento, acaba por fazer com que as pessoas fiquem mais expostas aos ecrãs, uma vez que ficam mais em casa.
Optometristas declaram acesso a cuidados de saúde da visão como um Direito Universal
A XVI Edição das Conferências Abertas de Optometria realizaram-se nos passados dias 14 e 15 de novembro com o nome “Saúde da Visão para Todos. Um Direito Universal”. Esta iniciativa virtual foi organizada pela Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) e debateu a normalização de qualidade em dispositivos médicos: ótica oftálmica, optometria clínica e desafios tecnológicos e digitais na prestação de cuidados para a saúde da visão. Assim como conhecer os resultados do estudo do VLEG, com contributo de membros da Direção da APLO, a publicar brevemente na The Lancet Global Health.
Tito Rodrigues refere que a saúde visual é cada vez mais procurada e o acesso é também cada vez mais facilitado. A Fábrica de Óculos de Olhão oferece consultas de optometria gratuitas, com direito a aconselhamento profissional. Se o cliente sofrer realmente alguma patologia é feito um orçamento e o pagamento é facilitado, com cheques pré-datados e ainda o pagamento sem juros (até 12 vezes).
O acompanhamento é feito em todo o processo, incluindo na qualidade da lente e na escolha da armação, que deve ajustada ao tipo de rosto. “Todas as pessoas que trabalham na Fábrica dos Óculos acompanham o cliente, pois ele vai utilizar os óculos diariamente e é crucial que se sinta bem com um ‘adereço’ que está no seu rosto”.