O responsável da Direção Regional do Algarve (DORAL) do PCP considerou esta terça-feira que a vitória do Chega no concelho de Silves, de maioria CDU, reflete o descontentamento das pessoas com o Governo e não com a gestão autárquica.
“Não podemos fazer uma comparação entre as eleições autárquicas e as legislativas, até porque a CDU [coligação PCP/PEV] nunca teve a maioria de votos em Silves em legislativas”, apesar de ter a maioria na autarquia há quase 12 anos, disse à Lusa Celso Costa, responsável regional do PCP.
O Chega venceu as eleições legislativas de domingo no distrito de Faro, com 27,19% dos votos, e elegeu três dos nove deputados, o mesmo número de mandatos obtidos pelo PS e também pela Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), sendo o primeiro distrito que o partido ganha.
No concelho de Silves, o único município algarvio sob gestão da CDU, onde detém a maioria autárquica, o Chega mais do que duplicou a votação face a 2022 (2.138 votos), conquistando nas eleições de domingo 5.796 votos (29,97%), num universo de 19.339 votantes, seguido do PS (23,87%), da AD (19,37%) e da CDU (5,96%).
Comparativamente com as legislativas de 2022, a CDU manteve praticamente o número de votos (1.153) e apenas perdeu 215, “uma diferença que não é por si só expressiva, tendo em conta que é uma eleição nacional”, notou Celso Costa.
Eleições legislativas tendem a avaliar a gestão dos partidos no poder
Para o dirigente comunista, as eleições legislativas “tendem a avaliar a gestão dos partidos no poder, onde a população faz o escrutínio e mostra o desagrado face à degradação das suas condições de vida”.
“Infelizmente, nunca tivemos uma votação expressiva nas legislativas, o mesmo não sucedendo com as autárquicas, onde é reconhecido o valor da gestão dos eleitos locais”, lamentou Celso Costa.
Em Silves, o PS, que nas eleições de 2022 tinha vencido no concelho, ao recolher 6.150 votos (38,95%), foi o partido que perdeu mais votantes (1.533).
Celso Costa considerou ainda que a subida da votação do Chega no Algarve “acaba por não ser uma surpresa, face a uma eventual formação de um Governo PSD/CDS, com toda a política de empobrecimento e retrocesso social que o mesmo comporta”.
A prova disso “é a votação do Chega em praticamente todos os concelhos algarvios”, nomeadamente “naqueles que são apelidados de bastiões” do PS, ou seja, Loulé, Portimão e Olhão, e do PSD (Albufeira).
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
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