O presidente do PSD do Algarve considerou esta segunda-feira que a vitória do Chega na região representa um voto de protesto num distrito em que as pessoas vivem com “incerteza e insegurança”, ampliadas pelos ciclos económicos.
“As pessoas tanto estão numa perspetiva de realizar os seus projetos de vida com o trabalho, com perspetivas de melhorar a sua vida como, no dia seguinte, com ciclos destes negativos, vão para o desemprego ou a empresa vai à falência”, disse à Lusa Cristóvão Norte, eleito, em segundo lugar, pela lista da AD.
O Chega venceu as eleições legislativas de domingo no distrito de Faro, com 27,19% dos votos, e elegeu três dos nove deputados, o mesmo número de mandatos obtidos pelo PS e também pela Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), sendo o primeiro distrito que o partido ganha.
Cristóvão Norte insistiu que a ampliação de ciclos económicos positivos e negativos “conduz a muita incerteza por parte das pessoas, muita dúvida, muita insegurança” e que “isso leva as pessoas mais facilmente para partidos de protesto [como o Chega], porque elas já não esperam nada, porque estão desiludidas”.
Para chegar a esta conclusão, o social-democrata começou por referir que o Algarve tem uma economia essencialmente assente no turismo, que está “muito exposta a ciclos económicos”, ampliando o impacto dos mesmos.
O deputado eleito deu como exemplo que durante a pandemia de covid-19, a economia do país decresceu 8% e a do Algarve caiu 16%, e quando o país cresce, o Algarve cresce a um ritmo muito mais acelerado, levando isto a que se tenha “incerteza e insegurança” e mesmo “uma certa esquizofrenia na vida das pessoas”.
Mas, para Cristóvão Norte, há uma segunda razão importante para o voto de protesto no Chega, que se prende com “o facto de, em matérias estruturantes para a região, ao longo dos anos, não se terem vindo a assegurar respostas que garantam a realização desses investimentos”.
O líder regional do PSD deu como exemplos a falta de investimentos do Governo para resolver o problema da seca na região, o atraso na construção do Hospital Central do Algarve ou a questão da requalificação da Estrada Nacional 125, para só citar alguns exemplos.
O PS, que tinha conseguido eleger cinco deputados em Faro nas últimas legislativas, passou para segundo lugar, com 25,46% dos votos, perdendo dois deputados para o Chega, que em 2022 tinha elegido um deputado por este círculo eleitoral.
Já o PSD, que nestas eleições concorreu em coligação com o CDS e o PPM, obteve no Algarve 22,39% dos votos, mantendo os três mandatos que tinha conseguido sozinho em 2022.
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