O Pessoas–Animais–Natureza (PAN) atribui ao trabalho desenvolvido no terreno pelo partido a possibilidade de ter conseguido obter em Lagos, no distrito de Faro, o melhor resultado num concelho nas últimas legislativas, com uma votação de 2,73%.
Este resultado “reflete o trabalho que é feito no terreno pelas pessoas daqui”, disse à agência Lusa Pedro Glória, número dois na lista do PAN no Algarve às próximas legislativas de 10 de março e diretor da campanha na região, que vive em Lagos.
Segundo os dados oficiais, o PAN teve em 2022, nas eleições legislativas, 324 votos em Lagos, o que corresponde a 2,73% da totalidade no concelho, a percentagem mais elevada obtida em todo o país, onde conseguiu uma média global de 1,53% (82.252 votos).
Pedro Glória reconhece, no entanto, que não há “nenhuma explicação direta” para o resultado obtido em Lagos e que qualquer análise a esse facto é “um pouco subjetiva”.
O PAN gostaria mais que a análise de votação fosse feita a nível de todo o distrito de Faro e não de um concelho em que teve um bom resultado relativo, mas que para o partido é menos importantes do que noutros municípios onde, em termos absolutos, conseguiu mais votos.
“No geral, preferíamos que olhássemos a nível da região, e o resultado a nível da região reflete o trabalho que fomos fazendo no terreno”, insistiu Pedro Glória.
Entre os 10 concelhos a nível nacional onde o PAN teve uma melhor percentagem de votação nas últimas eleições legislativas seis estão precisamente no Algarve: Lagos (2,73%), Olhão (2,70%), Albufeira (2,47%), Aljezur (2,39%), Portimão (2,34%) e Faro (2,23%).
Para o PAN, não se trata apenas do trabalho desenvolvido pelos candidatos, defendendo que os algarvios também estão “mais identificados” do que outras regiões com as causas que o partido defende.
“Eu creio que isso acaba por refletir que as pessoas no Algarve acabam por estar mais identificadas com aquilo que são as causas que nós defendemos, os nossos três pilares – social, animal e ambiental”, afirmou Pedro Glória.
O candidato a deputado também está convencido que os muitos estrangeiros que vivem no Algarve, principalmente os reformados de países europeus, acabam por transmitir aos algarvios alguns aspetos da sua forma de pensar, nomeadamente no que respeita às causas ambientais.
“Eles fazem muita força. São muito importantes nesse aspeto e ajudam a mobilizar depois as pessoas à volta deles, […] e acabam por influenciar direta e indiretamente aquilo que depois acontece, que é refletido nos resultados eleitorais”, disse Pedro Glória.
Por seu lado, também em declarações à Lusa, o diretor do Parque Zoológico de Lagos, Paulo Figueira, não consegue descortinar qualquer apetência particular dos habitantes do concelho de Lagos para as causas ecológicas.
“Não vejo de forma alguma, não vejo que Lagos tenha alguma diferença em relação a outros sítios”, disse Paulo Figueira.
O responsável pelo Zoo de Lagos alertou para a “divergência grande” entre aquilo que são os animais de companhia e os animais selvagens: “Nós aqui somos um zoológico. Trabalhamos mais na área da conservação de espécies e não no romantismo do gato”, disse.
Paulo Figueira concluiu que a maior percentagem que o PAN obteve em Lagos em comparação com outros municípios pode estar apenas relacionada com o facto de a de candidatos pelo Algarve do partido ter sido liderada por uma pessoa “muito conhecida” no concelho.
A Lusa teve dificuldade em obter depoimentos de outras pessoas ou entidades sobre a aparente maior disponibilidade dos eleitores em Lagos para votarem no PAN, que se escusaram a falar sobre o tema.
Texto Fernando Paula Brito, da agência Lusa
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