O caso do acolhimento dos refugiados ucranianos em Setúbal teve incidências nacionais ao mais alto nível e está a causar um terramoto político na cidade sadina.
A concelhia setubalense do PSD quer a demissão de André Martins, presidente da Câmara, do Partido Ecologista Os Verdes eleito pela CDU, que não tem maioria, e já lançou um repto ao PS para alinhar no derrube do executivo.
Os socialistas demitem-se caso os do PSD renunciem aos mandatos, e o Expresso sabe que 13 membros da lista laranja, incluindo os suplentes, já entregaram o pedido de renúncia à concelhia – menos Fernando Negrão e Sónia Leal Martins (a vereadora, porém, segundo as fontes do Expresso, concordou com o derrube da câmara e já tinha pedido a demissão do presidente da autarquia se a investigação confirmar os factos).
De resto, está tudo nas mãos da vereadora e do deputado à Assembleia da República e ex-vice-presidente do Parlamento, que não tem alinhado com o seu partido.
O deputado, que encabeçou a candidatura social-democrata ao município, tem estado isolado no PSD local por não concordar com o derrube imediato da Câmara, por entender que “é preciso uma certeza mais sólida” e o resultado dos inquéritos a decorrer por a autarquia ter posto russos a receber refugiados ucranianos.
Negrão em declarações ao Expresso diz não desvalorizar a situação, que classifica como “preocupante”, mas para já não avançaria com a solução mais radical. No entanto, “por outras razões, sobretudo por causa da representatividade eleitoral” que fica distorcida, Negrão admite alinhar: “Se houver uma renúncia dos vereadores do PSD e do PS, acompanharei”, admite.
A CDU tem cinco vereadores, o PS tem quatro e o PSD dois.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL