Rui Rio renovou no sábado o mandato como presidente do PSD, com cerca de 53% dos votos, e “conta com todos” os que forem leais, enquanto o seu adversário Luís Montenegro recusou que a derrota signifique a sua morte política.
Segundo os resultados provisórios anunciados no sábado à noite pelo Conselho de Jurisdição Nacional, com 40 secções por apurar, Rui Rio alcançou 53,02% dos votos (16.420 votos) e Montenegro 46,98% (14.547).
A diferença entre os dois, que na primeira volta tinha sido de 2.409 votos encurtou-se para menos de dois mil (1.873, de acordo com os números provisórios), e situou-se nos seis pontos percentuais, mais curta do que a que Rio conseguiu há dois anos frente a Pedro Santana Lopes (a disputa ficou então nos 54-46%).
Nas primeiras eleições diretas do PSD em que houve segunda volta (Rui Rio obteve há uma semana 49,02%, falhando a maioria absoluta dos votos expressos), o presidente do PSD conseguiu no sábado crescer quase 900 votos e Luís Montenegro mais de 1.400. O candidato menos votado na primeira volta, Miguel Pinto Luz, tinha tido 3.030 votos, mais do que a soma dos ganhos que obtiveram no sábado os seus adversários.
A participação eleitoral foi semelhante à da primeira volta – 31.295 militantes contra 32.002 na semana passada -, uma taxa a rondar os 77%.
Depois de dois anos de muita tensão interna, a avaliação do que será a futura unidade do PSD marcou os discursos de análise dos resultados dos dois candidatos: Rui Rio recusou que o partido esteja “partido” e disse contar com todos que trabalhem “com estabilidade e lealdade”.
“Fez hoje um ano que o Conselho Nacional do PSD votou pela estabilidade, ao votar contra a minha destituição. Hoje, os militantes do PSD voltaram a votar pela estabilidade ao votar pela manutenção da atual liderança. Espero que, a partir de hoje, possamos trabalhar com estabilidade e lealdade”, afirmou.
Ao contrário de há dois anos – em que fez uma lista de unidade com o seu adversário Santana Lopes, que reconhece que “não correu bem” – Rio garantiu que apresentará desta vez ao Congresso uma “lista própria” ao Conselho Nacional.
Já Luís Montenegro, que só a meio do discurso saudou a vitória do “companheiro” Rui Rio, defendeu ser importante que “o PSD tenha paz e tranquilidade”, mas considerou que é responsabilidade de todos “contribuir para acabar com uma cultura de fação, de divisões insustentáveis e agressividades intoleráveis”.
“Esta unidade começa precisamente na liderança e no líder, quero desejar que o dr. Rui Rio tenha a capacidade de devolver esta unidade ao nosso PSD”, afirmou, pedindo-lhe que tenha a capacidade de “interpretar” os resultados eleitorais nacionais e internos.
O antigo líder parlamentar do PSD avisou ainda que não vale a pena anunciarem a sua morte política – seria uma notícia “manifestamente exagerada” – e assegurou que não abdica de dar o seu contributo no congresso.
O 38.º Congresso do PSD, que se realiza entre 07 e 09 de fevereiro em Viana do Castelo, será provavelmente o primeiro grande ‘teste’ ao estado da unidade que saiu das eleições diretas do PSD, depois de apoiantes que ouviram Montenegro na primeira fila como Teresa Morais ou Virgínia Estorninho terem recusado, em declarações à TVI, “hipocrisias” ou falsos unanimismos à volta de Rio.
Numa análise dos resultados pelo país, Rio ficou à frente em 12 distritos e Montenegro em dez, quando na primeira volta o atual líder tinha vencido em 13 e Montenegro em seis.
O antigo líder parlamentar do PSD venceu as duas distritais que há uma semana tinham sido de Pinto Luz – Lisboa e Setúbal -, recuperou Portalegre a Rio e conseguiu a unanimidade dos quatro militantes que votaram Fora da Europa (na primeira volta tinha dado empate).
Nas grandes estruturas, Rio venceu no Porto e em Aveiro – com 64% e 59%, respetivamente -, enquanto Montenegro ganhou na capital – 65% – e em Braga, com 52%.
O atual líder do PSD voltou a vencer nos Açores, Beja, Bragança, Évora, Europa, Faro, Guarda, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real, enquanto Montenegro manteve as vitórias em Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa Área Oeste e Viseu.
O PSD-Madeira recusou abrir as sedes para a realização da segunda volta na Região Autónoma, depois de o Conselho de Jurisdição Nacional ter anulado todos os votos da primeira volta por “desconformidades” com o caderno eleitoral, pelo que não foi contabilizado qualquer voto nesta estrutura.