O PSD anunciou esta segunda-feira que quer ouvir no parlamento “com caráter de urgência” a administração do Centro Hospitalar do Algarve, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e associações de doentes, para esclarecer os tratamentos oncológicos de doentes algarvios em Espanha.
Os deputados Ofélia Ramos, Rui Gomes e Rui Cristina pretendem que o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) esclareça na Comissão de Saúde a “transferência para Espanha dos tratamentos de radiocirurgia” a que são submetidos os doentes oncológicos do Algarve.
O anúncio foi feito em comunicado pelos deputados social-democratas eleitos pelo círculo de Faro, por considerarem “importante obter o testemunho das várias organizações sociais da região” para o que alegam ser “a injustiça desta situação”.
Segundo os deputados, o CHUA, entidade gestora dos hospitais públicos de Faro, Portimão e Lagos, “adjudicou os referidos tratamentos a uma clínica espanhola, localizada na cidade de Sevilha, obrigando os doentes com cancro, já de si fisicamente mais fragilizados, a realizarem deslocações de quase 600 quilómetros”.
Os parlamentares do PSD consideram igualmente importante “obter o testemunho da ERS, enquanto entidade administrativa independente, à qual cabe a supervisão da atividade e funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde no que respeita à garantia dos direitos relativos ao acesso e à prestação de cuidados de saúde de qualidade, bem como dos demais direitos dos utentes”.
Rui Cristina, citado na nota, considera que “não deixa de ser curioso que o CHUA venha agora defender com a maior naturalidade a construção de um centro oncológico no Algarve, mas nunca acautelou que os tratamentos de radiocirurgia” fossem realizados na região.
“Os algarvios merecem mais e melhor e merecem, sobretudo, um serviço de saúde com qualidade e de proximidade, onde possam ser tratados sem estarem sujeitos a deslocações de centenas de quilómetros”, prossegue o comunicado.
Em declarações à agência Lusa, em outubro, o diretor clínico do CHUA disse que as críticas ao facto de os doentes estarem a ser enviados para tratamentos de radiocirurgia em Sevilha, em detrimento do Algarve, “só resulta do desconhecimento real da situação”.
Medida resulta de um concurso público internacional para os tratamentos de radiocirurgia
Essa medida, precisou Horácio Guerreiro, resulta de um concurso público internacional para os tratamentos de radiocirurgia, ao qual concorreram duas empresas, uma portuguesa e outra espanhola.
“O serviço foi atribuído à empresa espanhola, conceituada na área clínica e que apresentou garantias de qualidade médica com um preço mais baixo do que o outro concorrente”, avançou.
Na opinião do diretor clínico do CHUA, a distância de cerca de 200 quilómetros entre Faro e Sevilha, “não é um problema para os doentes, já que a sua condição é avaliada previamente”.
Horácio Guerreiro lembrou que há outros exames que são feitos fora do Algarve, nomeadamente, o PET-TAC e algumas ressonâncias, “porque a região não tem capacidade para os fazer, seja de doentes com cancro ou não”.
Daí, defende, a necessidade de ser criado um centro oncológico no Algarve, apetrechado com equipamentos avançados de última geração para este tipo doença e “com oferta dos mais altos níveis de qualidade”.
O responsável crê que o projeto possa receber o apoio governamental necessário para avançar “a breve prazo, mesmo antes de ser iniciado o processo do novo Hospital Central do Algarve”.