O Presidente da República apelou esta quinta-feira, em Faro, à convergência dos portugueses e à consolidação do espírito de família, porque as pessoas “não têm que ser iguais”, apesar das discordâncias religiosas ou políticas.
“Que haja um espírito de família, que é o mesmo espírito de família que eu quero que se crie na família portuguesa. Não temos que ser iguais, seria horrível um país em que todos pensássemos da mesma maneira”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que o espírito de família é “saber convergir naquilo que é essencial”.
O Presidente da República discursava em Faro durante uma visita ao Refúgio Aboím Ascensão – fundado em 1933 e que acolhe actualmente 80 crianças e jovens em situação de risco -, onde participou no acto simbólico de ligação das luzes de Natal que todos os anos é assinalado na instituição.
Segundo o Marcelo Rebelo de Sousa, citado num take desta quinta-feira da agência Lusa, “as pessoas podem ser de partidos diferentes, de religiões diferentes, de opiniões diferentes, de meios diferentes, com ideias totalmente diversas sobre a vida e aquilo que as aproxima, que fez o nosso país, aquilo que faz a nossa vida nas comunidades em que nos integramos é o afecto”, declarou.
Durante a cerimónia, em que estiveram presentes dezenas de pessoas, entre autarcas, representantes das forças de segurança e de variadas organizações regionais, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda a que os portugueses se empenhem em ajudar instituições como aquela que visitou, para que estas se multipliquem por todo o país.
“Para além dos debates políticos (…) temos que estar todos juntos num objectivo e o objectivo é comum: encontrar uma solução para as crianças que vivem situações muito difíceis, dramáticas, por vezes, e que calam fundo na nossa comunidade de afectos”, afirmou, reconhecendo que encontrar respostas para estas crianças nem sempre é fácil, sobretudo em tempo de crise e de escassez de recursos.
O Presidente da República salientou ainda a importância da manutenção das ligações familiares destas crianças e jovens, assim como a preocupação de integração familiar no futuro, manifestando o seu desejo de que se consiga solucionar “um problema que é de muitas crianças”, uma vez que estas “merecem uma resposta”.
Esta é a segunda vez que Marcelo Rebelo de Sousa visita o Refúgio Aboím Ascensão este ano, depois de ter estado na instituição no dia 1 de Janeiro, quando ainda era candidato à presidência da República.
Desde essa data, apesar de terem entrado outras, já saíram da instituição 44 crianças, sendo que 26 foram adoptadas e 18 regressaram à sua família, segundo o director da instituição, Luís Villas Boas.