O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo defendeu ontem uma adaptação do partido à reconfiguração política da Europa, para evitar que seja aniquilado por uma nova direita que quer destruir a democracia em Portugal.
Ao discursar na sessão de abertura da escola de quadros do CDS-PP, em Portimão, o eurodeputado começou por dizer que iria falar da sua experiência política e “honrar o compromisso assumido” com o presidente da escola de quadros, de que “fossem poupadas campanhas internas”.
Ao longo da intervenção, Nuno Melo lembrou o CDS-PP como um partido de centro-direita, fundador da democracia, “direita essa que o separa da direita de hoje, que quer destruir a democracia em Portugal”.
Depois de recordar as mudanças políticas e o surgimento de novos partidos na Europa e da relação com o PSD, “que não é ambígua, mas que é por vezes circunstancial”, o eurodeputado alertou para a necessidade do CDS-PP se adaptar às mudanças para evitar o que sucedeu a partidos do centro em muitos países da Europa.
“Os ventos da história normalmente chegam do centro da Europa para a periferia de Portugal e, quando chegam marcam-nos e afeta-nos”, referiu Nuno Melo.
Para o candidato, como “esses ventos chegaram a Portugal, há que evitar “que suceda ao CDS-PP o que aconteceu a muitos partidos de centro em muitos países da União Europeia”.
“Durante algum tempo, achámos que Portugal era imune à reconfiguração política na Europa e não o é, e aconteceu. Ou nos adaptamos ou morremos como muitos outros praticamente morreram no centro e na periferia da União Europeia e isso não pode acontecer com o CDS”, sublinhou.
Segundo Nuno Melo, para o CDS-PP, que teve durante 40 anos os socialistas como adversários e o PSD como rival ou como aliado, “parece evidente que tem de ter o Iniciativa Liberal e o Chega como adversários”.
“Quem nessa direita quer aniquilar o CDS, apouca as nossas lideranças, vai a votos pescando no nosso eleitorado e nos nossos dirigentes, como aconteceu tantas vezes, não pode ser nosso aliado, tem de ser nosso adversário e temos de os combater fortemente, o que significa ter respostas à altura”, avançou.
Nuno Melo adiantou que olha para o presidente do Chega, André Ventura, “não como aliado, mas como quem quer aniquilar o CDS-PP”.
“Um dirigente partidário que se dirige a um presidente do CDS-PP e lhe chama Chiquinho ou lhe chama menino, não só está à altura do cargo ou a insultar uma pessoa, como insulta o CDS-PP inteiro”, destacou.
Na opinião do eurodeputado, o partido “tem de ter mensagens nítidas, a explicar o que esses novos partidos tratam fora do sistema político, porque querem destruir o sistema explorando o pior da natureza humana”.
“Tudo isto deve ser tratado pelo CDS-PP dentro do sistema político, porque o queremos melhorar com o tal sentido humanista, personalista e democrata cristão, mas também liberal e conservador, porque nós somos tudo isto”, apontou.
De acordo com o eurodeputado, se os eleitores olharem para o CDS-PP e o virem como sempre foi, “não têm razão para procurarem na Iniciativa Liberal o que sempre perceberam dentro do partido, ou nas aventuras do Chega o que o CDS pode tratar melhor”.
“Nós não podemos prescindir daquilo que são as nossas marcas, falamos de segurança porque a segurança está no topo das nossas preocupações. Quando o Ventura agora fala da segurança, acha que descobriu a pólvora. Nós estávamos cá e o Ventura ainda estava com os dedos assim [levantou os dedos em forma de V] a gritar PPD/PSD”, concluiu.
Depois de na sexta-feira marcar presença na escola de quadros do CDS-PP, Nuno Melo terá iniciativas com militantes este fim de semana em Faro, Setúbal, Lisboa, Caldas da Rainha e Coimbra.
Nuno Melo foi o primeiro dos dois candidatos à liderança do partido a marcar presença na iniciativa organizada pela Juventude Popular (JP), sendo que Francisco Rodrigues dos Santos presidirá hoje ao encerramento, no Museu Municipal de Portimão.
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