O novo Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, diz que a sua posição e a do PCP quanto ao discurso de Zelensky na AR “são completamente antípodas”. “Como presidente da Assembleia da República, com o respeito que devo ter pelas posições, como cidadão Augusto Santos Silva, membro do Partido Socialista, devo dizer que me custa muito a compreender”, diz, na primeira grande entrevista após assumir o cargo, ao “Diário de Notícias”.
“Está nos antípodas do que penso sobre quem provocou a guerra, quem tem razão nisto, quais são as consequências da guerra, como é que nos devemos posicionar perante ela, como é que devemos agir”, acrescenta o sociólogo.
Quanto às suas funções como presidente da AR, Santos Silva diz já ter estabelecido “limites” no hemiciclo. “Deixei claros os limites que não podem ser ultrapassados”: “o primeiro é exatamente esse, todas as ideias são admitidas, incluindo as ideias que sejam contrárias à Constituição ou à democracia, mas não é admitido o discurso de incitamento à violência, à desqualificação, à perseguição, portanto, o discurso de ódio. O segundo limite, sendo a regra a expressão livre de todos, é também que a decisão se toma com maioria”. Para o presidente da AR, “a maior ameaça à democracia política está nos regimes autoritários e nos seus apóstolos”.
Quando questionado sobre o Chega, Santos Silva descreve o partido como “um cientista social” e, por isso, “no âmbito da ciência política”, o partido é de “extrema-direita ou de direita radical”. “Embora ideologicamente o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda sejam partidos revolucionários, são partidos que têm atuado sempre no quadro constitucional que vivemos”, ressalva, acrescentando que não trata o “o PCP e o BE de um lado e o Chega do outro, como se fossem simétricos”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL