O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, assume que manter o atual número de deputados após as eleições legislativas ficaria aquém do objetivo da CDU, mas antevê satisfação entre os membros da coligação na noite de 10 de março.
“Se o objetivo que temos é aumentar os votos, a percentagem e os deputados e se, no final, se ficar exatamente na mesma – com os mesmos votos, a mesma percentagem, os mesmos deputados -, é claro que não corresponde ao objetivo que temos”, afirma Paulo Raimundo em entrevista à agência Lusa.
No entanto, o líder comunista manifesta uma grande confiança de que a CDU vai crescer nas próximas eleições legislativas, em 10 de março, mas também nas eleições regionais nos Açores, em 04 de fevereiro, salientando que essa confiança assenta em “factos concretos”, considerando que o partido está “ligado à realidade e aos problemas”.
“Nós temos tido dinâmicas muito próprias, umas de gente mais próxima de nós, outras mais afastadas, que estão a dar esse passo de apoio público à CDU, gente que nunca o tinha feito”, sublinha, acrescentando que isso dá “muita confiança” à coligação.
O secretário-geral do PCP mostra-se confiante de que os membros da CDU irão estar “satisfeitos no dia 10 de março à noite” e acrescenta que, caso a coligação cresça em número de votos e de deputados, os objetivos estariam “cumpridos do ponto de vista eleitoral”.
“Nós não temos um objetivo numérico, mas um dos contributos de que o nosso povo e os trabalhadores precisam é de que nós recuperemos os deputados, desde logo aqueles que em 2022 perdemos”, refere.
Questionado se considera que há distritos onde será mais difícil conseguir recuperar representação – como em Santarém ou Évora -, Paulo Raimundo responde que a coligação fez “apostas muito audazes” nesses círculos, referindo-se à escolha de Bernardino Soares e Alma Rivera como cabeças de lista.
Tanto em Évora como em Santarém, o secretário-geral do PCP considera que é visível a falta que fazem deputados comunistas, salientando que nenhum partido apresentou qualquer proposta referente ao círculo alentejano no Orçamento do Estado para 2024, ao contrário dos comunistas, que “apresentaram 13”.
Paulo Raimundo manifesta confiança na eleição nestes dois distritos, mas também em círculos eleitorais “que à partida serão mais exigentes”, como Faro ou Braga, nos quais a CDU não conseguiu obter representação nas últimas legislativas.
“E claro, reforçar eleitoralmente quer no Porto, quer em Lisboa, quer em Setúbal, quer em Beja, em todo o lado”, acrescenta.
Questionado se, em distritos como Santarém, Évora ou Beja, não teme uma fuga de votos da CDU para o Chega, Paulo Raimundo responde que “é matematicamente demonstrável” que essa transferência de votos não existe, mas observa que a “questão fundamental” é que um voto no partido liderado por André Ventura é um “voto perdido”.
“O voto daqueles que estão descontentes, que estão insatisfeitos, justamente indignados ou é depositado naqueles que realmente vão aos problemas de fundo, atacam as questões de injustiça e desigualdade (…) ou, se é desviado para outros, então é um voto perdido”, defende.
Para Paulo Raimundo, é preciso “dar combate aos tais grupos económicos dos 25 milhões de euros por dia”, porque “aí é que está a causa central da injustiça”, mas também combater as privatizações, “porque é a causa funda da corrupção e da negociata”.
“Esses outros apenas querem esses votos não para alterar nada disto que estamos a falar, mas para acentuar ainda mais essa política ao serviço desses grupos económicos e das privatizações e, por conseguinte, ao serviço da corrupção”, conclui.
Por Tiago Almeida (texto) e Tiago Petinga (fotografia), da agência Lusa
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