O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, foi surpreendido esta quarta-feira, em Tavira, com uma pequena manifestação contra a exploração de petróleo e gás no Algarve, quando se preparava para inaugurar a requalificação das Quatro Águas e posteriormente a requalificação paisagística da marginal entre Pedras D’ El Rei e Santa Luzia.
Questionado pelos jornalistas sobre o descontentamento algarvio com a eventual prospecção de petróleo na região, o ministro do Ambiente demarcou-se do assunto e afirmou que “quem está a gerir este dossiê não é o ministério do Ambiente mas sim o ministério da Economia”.
Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira e da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, focou-se apenas no motivo que trouxe o ministro ao sul do país e apelou para “que não se passassem muitos anos sem haver dragagens”. “Estes canais têm de ser navegáveis”, reforçou.
O presidente foi mais longe e deixou o repto. “Se a sociedade Polis continua a ter dinheiro acho que deve ser aproveitado nos projectos que ainda existem, porque enquanto discutimos, o tempo passa, e depois não aproveitamos nada”.
Apesar de o objectivo, no âmbito da Polis, ter sido “conquistado” para as Quatro Águas, a reabilitação não está teminada, “independentemente das fontes de financiamento”, disse Jorge Botelho, alegando que será preciso ainda “mais um conjunto de estruturas náuticas essenciais”.
O autarca não perdeu a oportunidade para deixar expressa a vontade da Câmara de Tavira e da AMAL em “protocolar com o governo a gestão das frentes ribeirinhas não portuárias”.
Um desejo que não ficou sem resposta. “A disponibilidade que o ministério do Ambiente tem para celebrar acordos com as comunidades intermunicipais é a maior”, garantiu João Pedro Matos Fernandes.
O ministro destacou a importância das sociedades Polis para o desenvolvimento do litoral do país, tendo sido “investidos, aproximadamente, 30 milhões de euros através da sociedade Polis da Ria Formosa ao longo de vários anos”, e adiantou que “o que se estima investir no litoral durante os próximos quatro anos em toda a costa portuguesa ronda os 175 milhões de euros”. Destes, cerca de 40 a 50 milhões estarão “comprometidos e a comprometer em breve”, verba da qual faz parte a abertura das barras da Fuseta e da Armona, que resultarão num investimento que ultrapassa os dois milhões de euros. “Não tenho dúvidas de que no início do próximo ano estará em obra e estará concluído antes da próxima época balnear”, afirma o ministro.
As requalificações ribeirinhas de Tavira
O investimento na requalificação da frente ribeirinha entre Santa Luzia e Pedras D’ El Rei superou os 740 mil euros e criou um percurso pedonal e ciclável, um espaço de lazer e recreio com equipamento urbano ligeiro, além de uma praça de acesso à ponte articulada de ligação à Praia do Barril.
Nas Quatro Águas, o investimento ultrapassou os 2,3 milhões de euros que serviram para revolucionar o enquadramento urbano-paisagístico daquela zona de acesso à Ilha de Tavira.
Nova vegetação, novos pavimentos, mobiliário urbano e equipamentos de apoio, bem como um acesso viário requalificado e com trânsito limitado a ligeiros de passageiros e carga, e uma ciclovia e passeio pedonal marcam assim o futuro das Quatro Águas.
(Com Ricardo Claro)