O líder do Chega afirmou que exigirá presença ministerial num eventual Governo do PSD caso tenha mais de 7% dos votos nas eleições legislativas e que, abaixo dessa fasquia, avaliará o apoio parlamentar em função das propostas do executivo. “Ler os resultados é a nossa chave do dia 30 [de janeiro]. Se o Chega tiver 5% ou 6%, ou 4%, o Chega terá mais dificuldade em dizer ‘bom, ficou claro e evidente que os eleitores querem o Chega no Governo’. Se o Chega tiver (…) de 8% para cima, de 7% para cima, aí eu penso, até pelo histórico que temos de coligações em Portugal, que aí exige-se presença no Governo”, afirmou André Ventura em entrevista à agência Lusa.
O líder do Chega frisou que não quer ir para o Governo a “qualquer preço” e que, caso não atinja os 7%, será o “primeiro a assumir” que não quer presença executiva. “Não haverá acordo de incidência parlamentar caso o Chega não tenha a força de ir para o Governo – e é o eleitorado que decide – ou caso o PSD diga ‘apesar disso, não queremos”, frisou.
Ainda assim, Ventura salientou que, caso tenha uma votação inferior aos 7%, não significa que irá “chumbar tudo” o que seja proposto por um eventual Governo social-democrata, mostrando-se disponível para “olhar para cada cenário e ver qual é o que melhor serve o país em cada momento”. “Fica uma situação de avaliação conjuntural: se o Orçamento for bom na luta contra a corrupção, no apoio aos setores que estão na linha da frente contra a pandemia, para as forças de segurança, para os professores, se for bom para as famílias, para o mundo rural, apoiaremos ou viabilizaremos. Caso não, votaremos contra”, frisou.
Na eventualidade de o Chega ficar acima dos 7% nas próximas eleições legislativas, André Ventura referiu que o partido irá exigir ao PSD um “Governo de rotura” com “quatro reformas estruturais”: na fiscalidade, com um corte na carga fiscal; na justiça, com a introdução da prisão perpétua, castração química de pedófilos e a redução do efeito suspensivo dos recursos; na segurança social, com maior fiscalização aos beneficiários de apoios sociais; e no sistema eleitoral, com a redução do número de cargos políticos.
Apesar disso, o líder do Chega disse estar “aberto à negociação” com o PSD, dando exemplos de medidas onde está disposto a ceder: da sua proposta de redução no número de deputados dos atuais 230 para os 100, aceitaria um número intermédio de 150, estando também disposto a não introduzir a prisão perpétua imediatamente, adotando um sistema que preveja penas de prisão de 50 ou 100 anos.
Ventura reiterou, no entanto, que, caso o eleitorado da sua força partidária exceda os 7%, “o PSD tem de perceber qual é o lugar do Chega”, assim como o Chega perceberá o seu lugar caso tenha 4% ou 5%.
O líder do Chega assumiu ainda como objetivo “ideal” de atingir 15% dos votos no próximo dia 30 de janeiro, apesar de reconhecer que um resultado “mais realista” se situaria entre as percentagens que obteve nas eleições autárquicas e presidenciais: 4% e 12%, respetivamente.
“Se nos aproximarmos do nível dos 10%, já começamos a ficar próximos dos 20 deputados (…) e aí já era uma força significativa no parlamento. Se descermos muito dos 10%, para os 6%, 5%, como teve o PCP, já nos aproximamos dos 12, 10 deputados. Portanto, é muito diferente”, indicou.