Foi um duelo com mais sorrisos e menos agressividade do que todos os outros, talvez a par do Costa-Tavares da estreia. O líder do CDS foi mais ao ataque, mas nem por isso marcou o suficiente para ganhar, segundo os comentadores Expresso. Confira os comentários
Eunice Lourenço
Rui Rio 4 – Francisco Rodrigues dos Santos 6
Rui Rio não está convencido de que é o melhor candidato a primeiro-ministro de Portugal e isso é terrível vindo de um líder do PSD. É nele que os eleitores devem votar “não porque seja melhor do que os outros”, mas porque é o líder do maior partido da oposição, disse Rio perante um Francisco Rodrigues dos Santos muito mais auto-controlado do que nos anteriores debate.
O presidente do PSD também não conseguiu dissipar a ideia de que tanto está disponível para viabilizar um governo socialista como para liderar um governo viabilizado pelo PS, nem rejeitou conversar com o Chega, ainda que tenha dito que os seus parceiros preferidos são o CDS e a IL. E, no que diz respeito ao CDS, assumiu que foi a sua direção que não quis uma coligação pré-eleitoral para a qual ele estaria aberto.
O líder do CDS ganhou pontos na apresentação das diferenças de ideias, nomeadamente na educação, saúde e, sobretudo, eutanásia. E, aí, Rio entrou em profunda contradição: ele é a favor, mas “o PSD definiu no seu congresso que é contra” e a grande diferença entre o PSD e o CDS é que ele dá liberdade de voto à sua bancada neste assunto. Ora o PSD definiu em congresso que é contra a eutanásia na mesma moção e no mesmo congresso que definiram que o PSD deveria votar a favor de um referendo sobre este assunto. E, ai, Rio não cumpriu a deliberação do congresso, voltando a dar liberdade de voto quando a moção aprovada impunha o voto a favor.
Martim Silva
Rui Rio 7 – 5 Francisco Rodrigues dos Santos
Depois de dois debates em que quebrou barreiras de decibéis e agressividade, o líder do CDS vestiu um novo fato, esta noite, no debate com o líder do PSD. Procurando empurrar Rio para a esquerda, mas evitando sempre hostilidades excessivas. Que notoriamente não existiram. Aliás, Rio foi claro ao dizer que caso vença o primeiro partido com quem vai falar é o liderado por Francisco Rodrigues dos Santos
PSD e CDS juntam-se depois de eleições sempre que seja preciso para governar o país. Aconteceu com Durão e com Passos. Então porque não o fazer antes, como com Sá Carneiro? Esta foi a questão que abriu o debate. Rio argumentou que o normal é cada um ir a votos e depois se vê.
“Quem não quer Costa como primeiro-ministro, tem de votar no PSD”, argumentou o social-democrata, apelando ao voto útil. “Só haverá um governo de direita em Portugal com um CDS forte”, replicou Chicão.
A afabilidade foi tal que Rio até terminou a meia hora de cavaqueira a dizer aos eleitores que “se não puderem votar no PSD, que votem no CDS”. Os dois sorriram.
No ponto dos entendimentos e negociações, Rio é muito claro e apresenta uma assinalável pose de Estado, dizendo que estará – e que todos devem estar – disponível para viabilizar um governo de quem ganhar. Isto para admitir deixar passar um governo minoritário PS em caso de ficar em segundo.
Fora da política pura e dura, então os entendimentos e convergências ainda foram maiores. Como na questão das redução de impostos e da privatização da TAP.
Divergem na matéria da eutanásia, embora as posições dos partidos sejam semelhantes. Mas nem aqui o debate azedou.
Rio esteve bem. E Chicão passou na prova.
Paulo Baldaia
Rui Rio 7 – Francisco Rodrigues dos Santos 5
Num debate equilibrado e cordato, Rodrigues dos Santos não resistiu à demagogia para marcar a diferença em relação a Rui Rio, falando da eutanásia como sendo “o estado a matar, quando deve cuidar” ou da regionalização como “um aumento da corrupção”. Rui Rio, em dia de apresentação do programa eleitoral, aproveitou para falar das propostas que tem para o país. Pareceu, até por isso, mais confiante.
Vítor Matos
Rui Rio 6 – Francisco Rodrigues dos Santos 6
Um bom debate em duas partes. Rui Rio em melhor forma, Francisco Rodrigues dos Santos mais controlado. Nota alta pela clareza das posições e pelos temas falados. Na primeira parte, mais política, Rio foi demasiado condescendente e paternalista com Francisco Rodrigues dos Santos (que não foi com Ventura), a rir com desdém do jovem que fez aquele vídeo «engraçado» no Natal. E a afirmar-se como não direita, apesar de, a seguir, concordar com quase tudo o que era programático, sobretudo na economia. O líder do CDS, com um estilo menos agressivo e menos nervoso que nos outros debates, leu os soundbites que tinha preparados para lançar ao adversário (volta, Portas, estás perdoado…), e começou a tratá-lo por Rui, que lhe devolveu um dr. Francisco, a marcar as devidas distâncias. Chicão vincou que votar no PSD pode ser votar no PS. Rui vincou o «voto útil», porque só o PSD poderia ser Governo. Um empate. Na segunda parte, mais programática, assistimos a um debate com qualidade e claro, uma troca de ideias sobre custos de combustíveis (Chicão), descidas de impostos (Rio, que apresentou o programa hoje), Saúde ou privatização da TAP. Sem grandes diferenças, parecia que realmente estavam mesmo coligados no programa. Se não fosse o caso da eutanásia… Fica o original apelo de Rio: «Se não votarem no PSD, votem no CDS… Centro?