Dois pontos separaram Inês Sousa Real e Rui Tavares: a equidistância da primeira, cada vez menor, e a homeopatia. No fim das contas, dizem os comentadores Expresso, Rui Tavares ganhou por pouco, mas ambos concordaram em entender-se depois das legislativas
Eunice Lourenço
Rui Tavares 6 – Inês Sousa Real 6
“Vamos encontrar boas ideias nas ideias um do outro” – a frase de Rui Tavares pode bem ser o resumo do debate com Inês Sousa Real, a líder do PAN, que voltou a distanciar-se mais do PSD ao identificar “linhas vermelhas” no programa de Rui Rio.
Ambos querem muito governar com o PS e mostraram-se muito capazes de colaborar um com o outro, seja em questões ambientais, seja uma ideia que os dois defendem, ainda que Tavares com mais dúvidas: a criação de um rendimento básico incondicional. Uma ideia que deve ser discutida de forma séria, incluindo pelos maiores partidos e pelos partidos de direita, sem a muleta de a excluir à partida.
Divergências a sério só na homeopatia, num debate sereno e interessante. Veremos se conseguem entrar uma ‘eco-geringonça”, como o líder do Livre defende.
Cristina Figueiredo
Rui Tavares 6 – Inês Sousa Real 5
Um debate esclarecedor, se entendermos que um debate entre líderes partidários também deve servir para esclarecer os potenciais eleitores sobre as diferenças entre os respetivos projetos. Mas bastante aborrecido, não há como não o dizer. PAN e Livre são dois partidos que disputam o mesmo eleitorado (jovem, urbano, preocupado com o futuro do planeta e predisposto a ouvir propostas sobre temas mais “fora da caixa”), mas não pensam assim tão diferente sobre várias matérias e evitaram claramente hostilizar-se. Rui Tavares marcou pontos ao deixar claro (coisa que Inês Sousa Real não quis fazer) que se houver uma maioria de esquerda ele fará parte da solução, se for de direita ele será oposição. Mas foi mesmo o único “sal” de um debate de outro modo insosso.
Paula Santos
Rui Tavares 5 – Inês Sousa Real 5
Não negam à partida uma ecogeringonça de contornos ainda desconhecidos, mesmo que as ciências alternativas sejam um dos pontos em que Livre e PAN não estão em sintonia. Inês Sousa Real apontou outro: O Partido Pessoas Animais e Natureza acusa os partidos da esquerda de negacionismo por não alinharem na necessidade de agir contra o impacto da pecuária nas alterações climáticas. Já Rui Tavares, não deixou escapar o facto de o PAN se anunciar equidistante entre PS e PSD, é “importante haver clareza”, um tema que, ainda assim, não explorou. Ainda não foi hoje que Inês Sousa Real assumiu qualquer preferência, mesmo deixando (como já tinha feito no debate anterior) criticas a duas propostas do PSD “ainda não debati com Rui Rio”. O Rendimento básico incondicional é um fator de união, com ambos a admitirem projetos-piloto, mas nenhum a explicar com clareza de que projeto se trata e qual a aplicação prática. O debate mostrou um Rui Tavares mais conciliador, que deu espaço a Inês Sousa Real para se alongar em explicações numa clara vontade de manter abertas pontes de diálogo.
Vítor Matos
Rui Tavares 7 – Inês Sousa Real 6
Este debate foi uma espécie de “polinização cruzada”, um imagem usada às tantas por Rui Tavares, um extenso campo verde para uma “ecogeringonça”, se o PS precisar dos deputados do PAN e do Livre para fazer maioria. Primeiro, Tavares começou por traçar um perímetro para deixar BE e PCP fora da discussão. Inês Sousa Real, mantendo abertura para o PSD, enunciou as linhas vermelhas do programa de Rui Rio (uma dica que António Costa lhe deu no respetivo debate) que liberaliza o eucaliptal e tira o bem estar animal do Ministério da Agricultura. Cada vez mais próxima do PS. Foi mais um debate em que Tavares se voltou a mostrar muito bem preparado nos mais variados temas (da pecuária à agricultura de precisão…) e Inês Sousa Real a conseguir ir melhorando em relação às primeiras prestações. Deu a ideia de que era preciso esgravatar para encontrar diferenças, e foi preciso ir à homeopatia para se registar algum confronto. Interessante o debate sobre o Rendimento Básico Incondicional, um tema que vai sendo discutido e experimentado noutros países (já houve propostas à direita, como uma moção ao congresso do PSD de Carlos Moedas e Pedro Duarte), mas que dificilmente teria cabimento num confronto entre os grandes.
Martim Silva
Rui Tavares 6 – Inês Sousa Real 5
Ainda este domingo, Marques Mendes afirmava no seu habitual espaço de comentário na SIC que Rui Tavares é uma das boas surpresas destes debates televisivos da pré-campanha eleitoral. Pouco depois, o líder do Livre tinha um frente a frente com Inês Sousa Real, do PAN, e confirmou essa mesma perceção.
Inês Sousa Real e o PAN já vêm com um lastro de seis anos de presença no Parlamento, com a sua agenda ecológica e de proteção dos animais. Rui Tavares nunca foi deputado, mas já foi eurodeputado e leva larga experiência de participação televisiva.
As agendas dos partidos não são particularmente divergentes. As suas visões do mundo também não, tal como as suas propostas. Divergem claramente na disponibilidade do PAN, que não do Livre, para aceitar apoiar uma governação PSD – mesmo aqui, um ponto não explorado com particular intensidade por Rui Tavares.
O debate foi sereno e calmo, mas não foi um grande debate (aqui volto a usar uma citação, tirada a Daniel Oliveira, no seu comentário na SIC-Notícias).